O presidente da câmara de Torres Vedras (PS) escreveu ao ministro da Saúde a alertar que as 96 mortes ocorridas nas ambulâncias do concelho no último ano podem vir a aumentar, se a urgência médico-cirúrgica do hospital vier a encerrar.

No ofício enviado ao ministro da Saúde, a que a agência Lusa teve hoje acesso, citando dados dos bombeiros de Torres Vedras, Carlos Miguel refere que cem pessoas morreram no último ano nas ambulâncias no concelho, na sequência de paragens cardiorrespiratórias.

O autarca alerta que se prevê que mais pessoas venham a morrer nas ambulâncias, se a urgência médico-cirúrgica da cidade encerrar, uma vez que a distância dos doentes do concelho até à urgência de Caldas da Rainha passa de 12 para 40 quilómetros, aumentando "quatro vezes mais" o tempo de deslocação das ambulâncias.

"Quantas mais pessoas irão morrer no transporte até terem assistência médica, quem é o responsável pelo aumento previsível de mortes sem terem assistência médica, quem irá pagar as vidas", questiona Carlos Miguel.

O presidente da autarquia lembra que Torres Vedras é o concelho com maior área territorial do distrito de Lisboa, obrigando os cidadãos a deslocarem-se até 12 quilómetros para se deslocarem de uma ponta do concelho até à atual urgência.

Na quarta-feira, Carlos Miguel reuniu com vários grupos parlamentares, na sequência de uma petição subscrita por mais de 4600 cidadãos contra o encerramento da urgência.

Os subscritores sensibilizam o Ministério da Saúde e a ARSLVT para que, "a ser inviável a manutenção de ambas as urgências médico-cirúrgicas, que se mantenha a de Torres Vedras".

A posição é sustentada pelo critério geográfico de Torres Vedras se localizar mais a sul, tendo em conta que a população de toda a região tem como hospital central de referência o de Santa Maria, em Lisboa.

De acordo com uma proposta da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), o Ministério da Saúde pretende transformar a urgência médico-cirúrgia do Centro Hospitalar de Torres Vedras (CHTV) em básica, mantendo a urgência médico-cirúrgica das Caldas da Rainha.

Além disso, quer encerrar o bloco de partos e a urgência pediátrica em Torres Vedras, concentrando estes serviços nas Caldas da Rainha, que, por sua vez, perde a ortopedia e a cirurgia em prol de Torres Vedras.

Os autarcas da região aguardam uma decisão definitiva do Ministério da Saúde, que tinha dado o prazo até ao final de março.

A região Oeste é servida pelo Centro Hospitalar Oeste Norte (Caldas da Rainha), que abrange os concelhos de Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos e Peniche, e pelo Centro Hospitalar de Torres Vedras, que serve o Cadaval, Lourinhã, Torres Vedras e parte do concelho de Mafra.

19 de abril de 2012

@Lusa