“Temos dois médicos no centro de Saúde, mas só para a estatística, porque, na realidade, têm estado de baixa. Esta situação já se arrasta há mais de um ano”, criticou à agência Lusa Cristina Candeias, porta-voz do Movimento de Utentes de Saúde Pública de Mourão.

O protesto realizado esta segunda-feira, junto da unidade de Saúde, foi promovido pelo movimento popular, com o apoio do PCP, tendo o deputado comunista eleito pelo círculo de Évora, João Oliveira, marcado presença na concentração.

Segundo Cristina Candeias, o centro de Saúde, inaugurado em 2010, não dá resposta à população do concelho, que tem menos de três mil habitantes, por falta de pessoal. “O médico espanhol aqui colocado está de baixa e a outra médica também está numa situação instável”, ou seja, “como está doente, tem estado também de baixa” e só agora, “que está um pouco melhor, é que vem quando pode”, disse.

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Nunca há médico disponível

Uma situação que leva a que os utentes, quando precisam de ir ao centro de Saúde, “nunca tenham médico ou, quando há, seja muito difícil conseguir uma consulta”. “Quando se consegue marcar uma consulta tem que se estar um mês à espera, porque há muitas marcações. E tem que se ir às 03h00 para a porta do centro de Saúde para se ser atendido, com sorte, lá para as 12h00”, relatou.

A “maior parte dos habitantes”, afiançou Cristina Candeias, “já nem faz conta com o centro de Saúde de Mourão, que parece um centro fantasma, e vai diretamente” à unidade do concelho vizinho, Reguengos de Monsaraz. O problema, continuou, é que a população de Mourão “é pobre e muito envelhecida” e “muita gente nem sequer tem carta de condução ou carro”.

“Para irem a Reguengos de Monsaraz, as pessoas têm que ir de táxi ou de ambulância e não têm dinheiro”, frisou a porta-voz do movimento, exigindo que sejam tomadas medidas que protejam os habitantes.

O movimento vai, agora, fazer circular pelo concelho um abaixo-assinado de protesto, que reivindica um “quadro de pessoal completo” no centro de Saúde, onde também “faltam administrativos”. O objetivo é, depois de recolhidas as assinaturas dos habitantes da sede de concelho e também da Aldeia da Luz e Granja, fazer chegar o abaixo-assinado à Assembleia da República.

A Lusa contactou a Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, mas, até ao início da tarde de hoje, não foi possível obter esclarecimentos da parte de qualquer responsável do organismo, nem do Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Central.