3 de fevereiro de 2014 - 14h44
Um relatório publicado esta segunda-feira pela Organização Mundial de Saúde assevera que os casos de cancro devem aumentar 50% até 2030, quando serão diagnosticados em todo o mundo quase 22 milhões de casos em comparação com os 14 milhões de 2012. Ao mesmo tempo, as mortes pela doença passarão de 8,2 milhões para 13 milhões por ano.
Essas tendências são acompanhadas pelo aumento e envelhecimento da população e pela adoção de hábitos de risco, como fumar, lê-se no relatório da Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"O maior impacto será registado nos países com menores recursos, muitos dos quais mal equipados para enfrentar este aumento de casos", diz a diretora da OMS, Margaret Chan.
Países em desenvolvimento em risco
Os países em desenvolvimento não só padecem de casos de cancro associados à pobreza, mas também dos resultados de hábitos adquiridos após conquistar melhores condições de vida, como um maior consumo de álcool e tabaco, o consumo de alimentos processados e a falta de exercício físico.
O cancro substituiu assim as doenças cardíacas como a principal causa de morte a partir de 2011 e o número anual de diagnósticos aumentou de 12,7 milhões em 2008 para 14,1 milhões em 2012.
O relatório destaca a diferença entre os sexos: cerca de 53% dos casos diagnosticados e 57% das mortes ocorrem em homens.
Entre os homens, o cancro mais comum é o dos pulmões (16,7% do total de casos no sexo masculino); seguido pelo cancro de próstata (15%), colorretal (10%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%).
Entre as mulheres, o mais frequente é o de mama (25,2%), seguido pelo colorretal (9,2%), pulmões (8,7%), útero (7,9%) e estômago (4,8%).
Há também diferenças regionais: mais de 60% dos casos de cancro e 70% das mortes ocorrem na África, Ásia, América Central e América do Sul, segundo o relatório global.

Na América Latina, o cancro de mama e o de próstata são os que têm maior incidência em mulheres e homens, respetivamente. 
Quase metade dos 14 milhões de novos casos de 2012 foram diagnosticados na Ásia, principalmente na China. A Europa totalizou um quarto dos casos, enquanto a América Latina teve 7,8% do número de diagnósticos.
No geral, o cancro é diagnosticado em idades mais avançadas em países menos desenvolvidos. E a nível global, o cancro do pulmão é o mais letal, com 19,4% do total de casos, seguido pelo cancro de fígado (9,1%) e estômago (8,8%).
Olhando para o futuro, o relatório nota que a população mundial vai aumentar de 7 mil milhões de pessoas em 2012 para cerca de 8,3 mil milhões em 2025.
Tabaco, a epidemia nos países mais pobres
O relatório expressa especial preocupação com o cancro do pulmão, em grande parte resultante do hábito de fumar e "intrinsecamente ligado a estratégias globais das companhias de tabaco para aumentar as vendas".
Uma "epidemia" de tabaco afeta especialmente os países mais pobres, de acordo com o estudo.
O custo total anual do cancro foi de 1,16 mil milhões de dólares em 2010, segundo o relatório. "Quase metade dos casos de cancro poderiam ter sido evitados", ressalta.
O estudo pede novos esforços na prevenção, incluindo a vacinação contra a hepatite B e o vírus do papiloma humano, que podem ajudar a reduzir a incidência do cancro de fígado e útero, e a promoção do exercício físico para combater a obesidade, além de campanhas anti-tabagismo.
SAPO Saúde com AFP