31 de março de 2014 - 09h14

O casamento faz bem ao coração, conclui-se dum vasto estudo norte-americano segundo o qual as pessoas casadas têm menos risco de doenças cardiovasculares do que as solteiras, viúvas ou divorciadas.

Os investigadores conseguiram estabelecer, em termos corrigidos de variações como a idade, o sexo, a raça e outros riscos cardiovasculares, uma ligação entre o estado matrimonial e o risco de sofrer doenças cardiovasculares, relação que se estabeleceu tanto nos homens como nas mulheres. 

Para as pessoas casadas, o risco de doenças cardiovasculares em geral era cinco por cento menor do que entre os solteiros. 

"Os resultados do estudo não devem certamente incitar ninguém a casar precipitadamente", disse o principal autor do estudo, Carlos Alviar, da faculdade de medicina da Universidade de Nova Iorque. 

"Mas é importante saber se as pessoas vivem sozinhas ou em casal, porque isso pode ter consequências importantes na sua saúde cardiovascular", afirmou.

O estudo, realizado a partir de fichas médicas de mais de 3,5 milhões de pessoas de 21 a 102 anos nos EUA, foi hoje apresentado na conferência anual do Colégio Americano de Cardiologia, em Washington. 

Outros estudos de menor dimensão já tinham chegado à mesma conclusão, mas os investigadores sublinham que a extensão deste último permite pela primeira vez estabelecer os riscos associados a quatro patologias cardiovasculares (doença arterial periférica, acidentes vasculares cerebrais, doença da artéria coronária e aneurisma da aorta abdominal) em função de diferentes situações familiares. 

Os riscos cardiovasculares tradicionais como a hipertensão, o tabagismo, a diabetes e a obesidade eram semelhantes à do todo da população norte-americana, explicam os autores. 

As probabilidades de sofrer um aneurisma da aorta abdominal,
de doenças vasculares cerebrais e de doenças nas artérias das pernas
eram inferiores em 8%, 9% e 19% respetivamente. 

Por outro lado, os divorciados ou viúvos tinham mais risco de doença cardiovascular do que os solteiros e do que os casados. 

Para
os viúvos, o risco era 3% maior em todas as doenças vasculares e 7%
superior nas doenças coronárias, concluíram os investigadores. 

O divórcio surge ligado a maiores probabilidades de sofrer de todas as patologias vasculares. 

"A
ligação entre o casamento e uma diminuição do risco de doenças
cardiovasculares é mais marcada entre os jovens, o que foi uma
surpresa", sublinhou Alviar.

Para as pessoas com menos de 50
anos, estar casado traduz-se numa redução de 12% do risco de doenças
cardiovasculares, taxa que se reduz para 7% entre os 51 e os 60 anos e
para apenas 4% nas pessoas com mais de 61 anos. 

Os dados
foram recolhidos junto de pessoas que participaram num programa pago de
despistagem de doenças cardiovasculares em mais de 20.000 locais nos 50
estados norte-americanos entre 2003 e 2008.  

Os autores
sublinham que a amostra inclui uma proporção relativamente pequena de
participantes pertencentes às minorias raciais e étnicas, o que pode
limitar o significado dos resultados.

SAPO Saúde com Lusa