Em declarações à Lusa, Margarida Cruz explicou que foi escolhida aquela data para a inauguração por se assinalar o Dia Internacional da Criança com Cancro, mas as primeiras famílias poderão usufruir gratuitamente das instalações “dentro de pouco tempo”.

Orçada em 1,6 milhões de euros, “integralmente financiado por particulares e empresas”, esta Casa Acreditar, situada num terreno do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, cedido à Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro pelo Ministério da Saúde, terá 16 quartos e, ao longo do ano, ajudará cerca de 80 famílias que têm de se deslocar para acompanhar as suas crianças durante os tratamentos.

As famílias deslocadas das crianças com cancro, que estão em tratamento no IPO ou no Hospital de São João, poderão permanecer na Casa Acreditar pelo tempo que for necessário, possibilitando-lhes, assim, uma vida “o mais próximo da normalidade possível”.

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Margarida Cruz, que falava à Lusa durante um evento de apresentação do projeto, referiu que a casa "está praticamente pronta", faltando apenas o equipamento e mobiliário necessários ao seu funcionamento, assim como parte da verba necessária à aquisição dos mesmos. “É também por isso que hoje lançamos o Movimento Acreditar, que se prolongará até 15 de fevereiro”, afirmou.

Através de “um gesto de confiança” (cair de costas para os braços de alguém), pretende-se divulgar o trabalho da associação, mas também sensibilizar as empresas e particulares para que ajudem financeiramente a Acreditar. De acordo com Margarida Cruz, a associação faz “estudos de avaliação de impacto social” das casas e tem verificado que “cada euro investido numa Casa Acreditar resulta em 8,9 euros de retorno social”.

“É todo o dinheiro que as famílias e os hospitais deixam de gastar, nomeadamente em determinado tipo de internamento social ou prolongamento de internamento. Essas são poupanças que conseguimos com as nossas casas, sem ter em conta, por ser difícil contabilizar, o impacto emocional que tem nas famílias”, frisou.

Na apresentação da Casa do Porto, o presidente da Acreditar, João de Bragança, salientou que “90% das necessidades da associação são suportadas pela generosidade de particulares e empresas”. Segundo este responsável, surgem por ano entre “300 a 400” novos casos de cancro em crianças e “muitos vêm para o Porto. Esta casa é um símbolo de esperança para essas crianças e respetivas famílias”.

Sobre o "Movimento Acreditar", João de Bragança convida as pessoas a aderir ao “gesto de confiança”, replicando-o, nomeadamente, através da partilha nas redes sociais.

A primeira Casa Acreditar do país foi inaugurada em 2002, em Lisboa, seguindo-se Coimbra, seis anos depois. A Acreditar é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) fundada em 1993 como resultado da mobilização nacional de pais de crianças utentes dos serviços de oncologia pediátrica do país. A associação ajuda as crianças e suas famílias a superar melhor os diversos problemas que se colocam a partir do momento em que é diagnosticado o cancro, contribuindo para fomentar a esperança.