11 de março de 2014 - 09h41
A Cáritas arranca este mês com um projeto de luta contra a toxicodependência e alcoolismo em Vila Real e Valpaços, que aposta na criação de equipas de rua para reduzir os riscos e na reinserção social.
A Cáritas Diocesana de Vila Real é a entidade promotora do projeto que integra o Programa de Respostas Integradas (PRI), envolve a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e conta com um financiamento de 250 mil euros.
Hélder Afonso, responsável pela instituição de solidariedade social, afirmou à agência Lusa que o projeto se vai desenvolver em dois eixos: o “Mais próximo de ti”, que aposta na redução de riscos e minimização de danos, e o “Espaço Humanus”, que visa promover a reinserção.
“Depois de fazermos o diagnóstico viu-se que Valpaços e quatro freguesias de Vila Real tinham algum défice de acompanhamento destes casos, ao nível da reinserção e da redução de danos”, salientou.
O objetivo é complementar o tratamento que já é feito pelo Centro de Respostas Integradas (CRI), bem como “fazer a articulação entre as instituições”, entre a Cáritas, a ARS, o CRI, a Segurança Social ou o Centro Hospitalar.
Eva Madeira, enfermeira do CRI, salientou que o projeto visa “conciliar e articular respostas”.
Hélder Afonso referiu que se pretende uma intervenção de proximidade junto dos consumidores de droga e álcool, sustentada no trabalho de rua, pelo que se vai criar uma equipa de rua que também atuará junto dos espaços conotados com o consumo.
No entanto, o responsável sublinhou que “estas equipas não podem ser vistas como entidades fiscalizadoras”.
A ideia é apostar num “contacto direto” com os consumidores. A intervenção deve assegurar a troca e distribuição de material como seringas ou preservativos, promover a motivação para o tratamento em ambulatório ou encaminhamento para outro tipo de recursos existentes na comunidade.
Vai ser ainda criado um espaço onde serão implementados programas de tratamento de substituição opiácea de baixo limiar de exigência.

As equipas serão constituídas por assistentes sociais, enfermeiros e psicólogos.
Depois, no “Espaço Humanus”, a instalar numa escola primária desativada no centro da cidade de Vila Real, será feito o atendimento, encaminhamento e apoio, bem como serão também realizadas atividades ligadas à prática de exercício físico, de formação ou integração social no mercado de trabalho.
Serão ainda, segundo Hélder Afonso, disponibilizadas refeições e, mais tarde, até banho e roupa ou apoio jurídico.
Os técnicos terão ainda como missão elaborar planos de inserção específicos para cada utente e será criado um espaço para atendimento e apoio aos familiares dos beneficiários.
Segundo o responsável, a iniciativa arranca este mês e decorrerá durante os próximos dois anos, sendo que uma das primeiras atividades a desenvolver é a atualização do diagnóstico.
Em 2011, de acordo com o diagnóstico feito ao concelho de Valpaços e das quatro freguesias da cidade de Vila Real, estavam referenciados cerca de 200 indivíduos com consumos de álcool, a maior parte dos quais com mais de 30 anos e desempregados.
Ainda cerca de 30 pessoas com consumos por via endovenosa, sobretudo de heroína e cocaína, e um grupo de 10 a 15 trabalhadoras sexuais, algumas das quais dependentes de substâncias psicoativas.
Hélder Afonso mostrou-se preocupado com estes números e com receio que a conjuntura de crise que existe no país possa contribuir para um aumento de casos.
“Estou com receio de que o grande problema que é flagelo do desemprego acabe por levar mais pessoas a refugiarem-se na droga, álcool ou na prostituição”, referiu.
Lusa