Em Portugal, apesar de se terem vindo a observar melhorias nos últimos anos, ainda constitui um problema importante em determinadas zonas do país, em determinados grupos etários e em determinados grupos da população.

Afeta, de uma forma geral, todas as populações e, se não for tratada, provoca a destruição dos tecidos duros do dente (esmalte, dentina e cemento), sendo uma das principais razões da perda dentária.

É uma doença de etiologia multifatorial, causada por variados fatores, fatores esses que podem ser subdivididos em fatores primários ou essenciais, que são os fatores sem os quais a doença não se inicia nem se desenvolve, e em fatores secundários ou modificadores, que são os fatores que influenciam e condicionam a evolução das lesões de cárie.

Os fatores primários são o próprio dente, os microrganismos (bactérias) e o ambiente (entre outros a presença de nutrientes que podem ser utilizados pelos microrganismos e cuja decomposição leva à produção dos ácidos que destroem os dentes).

Os fatores secundários são a higiene oral, a exposição ao flúor, o estado de saúde geral, os fatores socioeconómicos, a predisposição genética e os cuidados de saúde oral. A prevenção é a forma mais eficaz de abordar esta doença. Deve começar nas idades mais precoces com a instrução de hábitos corretos de higiene oral e de dieta alimentar não cariogénica, isto é, não favorável ao desenvolvimento da lesão.

Assim, devemos:

  • Lavar os dentes pelo menos 2 vezes ao dia com um dentífrico fluoretado e uma escova de dureza média, durante 1 a 2 minutos. Uma das escovagens deve ser, obrigatoriamente, à noite, antes de deitar.
  • A escovagem deve ser feita em todas as superfícies dentárias com movimentos circulares ou verticais e no dorso da língua (parte da língua voltada para a cavidade oral).
  • Utilizar, diariamente, o fio dentário ou um escovilhão interdentário.
  • Ter uma alimentação variada e equilibrada, privilegiando o consumo de frutas e legumes e evitando o consumo de alimentos e bebidas açucaradas sobretudo entre as refeições. Deve consumir-se, preferencialmente, água.
  • Visitar regularmente, uma a duas vezes por ano, o médico dentista/médico estomatologista.
  • Avaliar com o médico dentista/médico estomatologista a necessidade de utilização de suplementos de flúor e/ou a aplicação de selantes de fissuras para a prevenção da cárie. O flúor é um elemento que tem a capacidade de inibir a formação da cárie devendo, no entanto, ser usado com moderação devido à sua toxicidade.

Um artigo de Pedro Mesquita, Médico Dentista e Presidente da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária