O cancro do pulmão continua a ser o tipo de tumor que mais mata, mas nos últimos anos têm surgido novos tratamentos com “resultados extraordinários”, segundo peritos que a partir desta quinta-feira (13/10) estão reunidos num congresso em Coimbra.

O presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão, Fernando Barata, admite que as novas terapêuticas têm apresentado resultados extraordinários, nalguns casos permitindo duplicar o tempo de sobrevida dos doentes, com qualidade. “O que se passou nos últimos dois anos foi muito animador e trouxe grande entusiasmo para a comunidade médica e para os doentes. Houve importantes avanços e inovação nesta área”, afirmou o especialista.

Estes avanços terapêuticos são um dos temas principais do 7.º Congresso Português do Cancro do Pulmão, que irá discutir por exemplo a resposta à pergunta “Será possível encarar o cancro do pulmão como uma doença crónica?”.

“Continua apesar de tudo, mesmo hoje, a ser a doença que mais mata entre as várias doenças oncológicas. O cancro do pulmão continua a ser uma doença grave. Mas, sim, nós estamos a conseguir paulatinamente avanços importantes. Devo deixar uma palavra de esperança para estas novas terapêuticas e em relação ao que elas têm conseguido para os doentes que têm condições clínicas e analíticas para as fazerem”, refere Fernando Barata.

Veja ainda: 17 sintomas de cancro que os portugueses ignoram

Saiba tambémO tabaco faz rugas e descai os seios? 10 razões para abandonar o vício

Leia mais: 15 passos para deixar de fumar

Resultados que dão esperança

Há bons resultados nas novas terapias, quer nas que abordam a doença na fase inicial (cirurgia e radioterapia), quer as que se destinam a fases mais avançadas: as terapêuticas alvo e a imunoterapia. Nas terapêuticas alvo são identificados, na superfície da célula tumoral, recetores que, ao serem bloqueados, levam à morte da célula.

Segundo Fernando Barata, esta terapêutica trouxe “elevada eficácia, mais baixa toxicidade e maior duração da resposta”. Nem todos os tumores podem ser tratados através de terapêuticas alvo (darão para cerca de 20 a 25% dos casos), mas estes tratamentos conseguiram duplicar o triplicar o tempo de sobrevida dos doentes com qualidade.

Um doente numa fase de cancro do pulmão avançada tinha uma sobrevivência mediana de oito ou dez meses, hoje tem 18 meses, 24 meses ou mais.

A imunoterapia tem tido resultados muito similares no combate ao cancro do pulmão.

“Os resultados têm sido extraordinários em termos de mais vida, baixa toxicidade e enorme qualidade de vida. Há doentes que voltaram a ficar assintomáticos e a fazer a sua vida normal, em termos familiares e sociais”, explica o presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão.

Mas também a imunoterapia não é aplicável a todos os doentes com cancro do pulmão, embora o número de potenciais beneficiados possa ser superior ao da terapêutica alvo.

Fernando Barata alerta para a necessidade de selecionar bem os doentes que possam clinicamente beneficiar efetivamente da imunoterapia, até porque é uma terapêutica com custos elevados.

Em 2014, o cancro do pulmão foi responsável por 19.380 anos potenciais de vida perdidos em Portugal.