5 de abril de 2013 - 09h48
A Associação para o Estudo do Fígado (APEF) e a Associação de Medicina Geral e Familiar lançam hoje uma campanha de sensibilização para alertar os médicos de famílias para a importância do rastreio e diagnóstico precoce do carcinoma hepatocelular.
A campanha, que será divulgada hoje no congresso da APEF, pretende salientar o papel fundamental do médico de família na deteçaõ do doente de risco, em quem deve ser rastreado o carcinoma hepatocelular, que corresponde a 90% dos tumores primitivos do fígado.
O presidente da APEF explicou à agência Lusa que é “um tumor que aparece, sobretudo, em doentes com cirrose, mas também está muito ligado aos vírus das hepatites B e C.
A campanha visa alertar os médicos para “as recomendações internacionais sobre esta doença”, nomeadamente rastrear grupos de risco, através da realização de uma ecografia de seis em seis meses para “tentar encontrar o tumor em dimensões muito pequenas”, permitindo um tratamento mais eficaz, disse Armando Carvalho.
Por outro lado, pretende alertar os médicos para a necessidade de diagnosticarem precocemente as doenças do fígado.
Deteção aumentou
Segundo o médico, o carcinoma hepatocelular não é dos tumores mais frequentes, mas tem sido diagnosticado com uma frequência crescente. “Sempre que aumentamos a capacidade de diagnóstico do doente, corremos o risco de encontrar mais casos”, explicou, salientando o número alto de casos de cirrose detetadas em Portugal.
Armando Carvalho sublinhou que “se esta campanha tiver um bom acolhimento junto dos médicos de família e se for possível realizar essa vigilância correta dos doentes, seguramente irão ser diagnosticados muito mais tumores e, sobretudo, num estádio em que ainda podem ser tratados de forma útil”.
“O que acontece neste momento é que mais de metade [dos casos] aparece-nos numa fase avançada, sem grande hipótese de os tratar com intenção curativa, embora acabemos por utilizar uma série de tratamentos igualmente dispendiosos e com uma eficácia muito mais reduzida”, sublinhou.
Segundo a APEF, o rastreio é fundamental para evitar que 60 a 75% dos doentes apresentem a doença avançada aquando do diagnóstico.
O carcinoma hepatocelular constitui a terceira causa de morte por cancro (692.000 casos) a nível mundial, representando 7% de todas as neoplasias.
Em Portugal, entre 1993 e 2005, os internamentos por carcinoma hepatocelular praticamente triplicaram e, de 1990 para 2004, o número de mortes quase duplicou. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2009 morreram cerca de 500 pessoas por causa deste carcinoma.
Em 2010, o registo nacional oncológico registava 23,2% de incidência de tumores no peritoneu e aparelhos digestivos, no qual se inclui o carcinoma hepatocelular.
Lusa