28 de julho - 18h04

A Câmara da Lourinhã anunciou hoje que vai dar incentivos aos médicos de família que queiram fixar-se no concelho e vai reforçar o atendimento médico nos meses de agosto e setembro para colmatar a falta destes profissionais.

O presidente da autarquia, João Duarte Carvalho, disse à agência Lusa que o município enviou uma carta à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) para ser distribuída por todos os médicos que vão concorrer ao concurso de recrutamento que foi aberto.

Nessa carta, a que a Lusa teve acesso, o município compromete-se, durante dois anos, a pagar a renda de casa até 350 euros mensais, a fatura da água e a assegurar os custos integrais da instalação do contador da água e com comunicações aos médicos que se queiram fixar no concelho.

O autarca quer garantir a vinda de dois médicos, necessários à criação de uma segunda Unidade de Saúde Familiar (USF) no município.

O autarca adiantou que o município vai, nos meses de agosto e setembro, pagar o salário a tempo parcial de um médico, correspondente a 48 horas mensais, para reforçar as 72 horas mensais dos médicos contratados, a alternativa da ARSLVT para a Extensão de Saúde de Ribamar, cujos utentes não têm médico de família atribuído.

As medidas não foram ainda aprovadas em reunião do executivo municipal, mas merecem o consenso dos vereadores da oposição, como disse à Lusa o vereador Hernâni Santos (PSD).

O presidente da autarquia justificou a necessidade de pagar a um médico, tendo em conta que "o Ministério não tem dinheiro para contratar mais médicos e todos os dias a Câmara recebe reclamações relativas à falta de médicos no concelho".

De acordo com a autarquia, citando dados do ACES Oeste Sul, o centro de saúde local tem cerca de 25 mil utentes inscritos e, destes, 22% estão sem médico de família.

O caso mais grave é o da população das freguesias de Ribamar e Marquiteira, servidas pela Extensão de Saúde de Ribamar, onde dos 4.084 utentes, apenas 1.842 têm médico de família, uma vez que são servidos pela sede do Centro de Saúde, onde funciona a USF.

"A extensão não aceita consultas por marcação telefónica e as pessoas têm de ir para lá às cinco e seis da madrugada para conseguirem uma consulta para aquela semana e, muitas vezes, quando lá chegam, já estão todas preenchidas", disseram à Lusa os presidentes daquelas freguesias.

No centro de saúde e extensões, existem sete médicos, mas seriam necessários mais quatro no quadro de efetivos para resolver a falta de médicos de família.

O concelho tem quase 26 mil habitantes, de acordo com os últimos Censos, mas não só duplica a população no verão devido ao turismo, como tem aumentado o número de residentes, por ficar a 50 minutos e a 60 quilómetros de Lisboa.

Por Lusa