Estas conclusões foram apresentadas este domingo pelo diretor do serviço de oncologia do Hospital do Mar (Espanha), Joan Albanell, no terceiro dia da 53.ª reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, que reúne em Chicago, até segunda-feira, mais de 30 mil especialistas de todo o mundo.

Numa conversa com jornalistas, o médico espanhol explicou que uma das limitações com que se confrontaram os investigadores foi que em algumas pacientes "não há suficiente ADN circulante para poder observar este perfil de mutações". No entanto, acrescentou, "na grande maioria podem estudar-se bem no plasma e, inclusive, detetam-se algumas mutações que não tinham sido detetadas ao analisar o mesmo painel de genes no tumor primário".

Os resultados do estudo levado a cabo pela plataforma Foundation ACT, da empresa Foundation Medicine de Roche, foram considerados "robustos" pelo especialista, que admitiu que no futuro será possível prescindir das biopsias sólidas em favor das líquidas, "pelo menos num número importante de doentes".

Além disso, outro estudo realizado com outra plataforma da mesma empresa - Foundation ONU - permitiu perceber que algumas mulheres com tumores de mama triplos negativos têm alterações no gene BRAF, uma mutação que também ocorre em outros tipos de cancro, como o melanoma.

Com dados de mais de 10 mil pacientes com cancro da mama metastático, o trabalho mostrou que esta alteração ocorreu em 1,2% das pacientes, uma frequência que, apesar de baixa, "mostra muito claramente uma das realidades atuais da oncologia", ou seja, a presença de alterações moleculares diversas que não são procuradas porque não são muito frequentes, mas que se encontram ao ampliar as sequenciações.

Segundo o médico, é muito útil para impulsionar ensaios clínicos em que são estudados pacientes com tumores com mutações concretas, independentemente do órgão afetado. Segundo Albanell, na Europa está a ser desenvolvido um ensaio clínico internacional para testar fármacos destinados a uma alteração genómica concreta em tumores para os quais ainda não está aprovada a terapia.

Uma iniciativa semelhante existe para tumores de origem desconhecida, que representam cinco por cento do total. "Nestes pacientes, não há um padrão de tratamento, pelo que se o resultado do estudo for positivo, poderia significar uma alteração do paradigma do tratamento", concluiu.

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