Falando aos jornalistas no Porto durante uma apresentação de um novo medicamento para tratamento da doença de Parkinson, António Portela afirmou que a parceria com a Biotrial está suspensa e referiu “largas de dezenas de milhões de euros" de prejuízos devido ao sucedido.

O presidente executivo da Bial disse não ter “respostas cabais para dar sobre o assunto", que levou o Ministério Público de França a abrir uma investigação.

A 17 de janeiro, Guillaume Molinet, de 49 anos, morreu durante um ensaio clínico realizado em Rennes pela empresa especializada Biotrial, enquanto testava uma molécula que atuava sobre o sistema nervoso para o laboratório português Bial.

Outros cinco voluntários tiveram também de ser hospitalizados, e alguns deles apresentam ainda sequelas neurológicas decorrentes dos testes com aquela substância que tinham sido validados pela Agência Nacional de Segurança do Medicamento (ANSM).

Este foi o mais grave acidente alguma vez ocorrido na Europa no âmbito de um ensaio clínico.

Sublinhando que é “obrigação” da Bial procurar explicações para o que aconteceu, António Portela disse que para a farmacêutica subsiste uma incógnita sobre o caso: “Por que é que (…) houve quase 100 [pessoas] que testaram sem qualquer problema" a molécula e por que é que, "naquele último grupo de seis, há um que não tem qualquer problema, há quatro que têm efeitos secundários e há um que veio a falecer".

A Bial, acrescentou, desconhece os resultados da autópsia do homem que morreu no ensaio clínico da molécula, embora os dois relatórios já efetuados tenham confirmado que foram “cumpridas as regras em termos de regulamentação”.