Elaborado pelo INE pelo terceiro ano consecutivo, o índice abrange o período de 2004 a 2014 (ano em que os resultados são preliminares), e baseia-se em metodologia definida por um conjunto de organizações internacionais (OCDE e o Eurostat), aplicada por vários institutos de estatística.

Segundo o INE, o Índice de Bem-estar em Portugal (IBE) evoluiu positivamente entre 2004 e 2011, atingindo o valor de 108,8 em 2011. Em 2012 reduziu-se para 108,1, tendo recuperado em 2013 (108,6) e estimando-se que atinja 110,5 em 2014.

Dos 10 domínios que integram o IBE, a Educação, o Ambiente e a Saúde são as componentes do bem-estar com evolução mais favorável. Inversamente, os domínios Trabalho e remuneração e Vulnerabilidade económica são aqueles cuja evolução foi mais desfavorável em 10 anos.

Agravamento desde 2006

“Em praticamente todos os anos desde 2006, verificou-se um agravamento do índice relativo à Vulnerabilidade económica, atingindo-se em 2013 o índice 76,21”, refere o INE.

Entre outros parâmetros, para a área da Saúde são usados indicadores como taxas de mortalidade (por várias doenças) e a satisfação dos utentes com os serviços e, para a da Educação, o número de doutoramentos, proporção de pessoas com níveis de escolaridade correspondentes ao ensino superior e o número de publicações científicas e patentes pedidas.

Já para a área do Ambiente são usados parâmetros como a qualidade da água e do ar, a perceção da população sobre a intensidade do ruído e a análise do destino final dos resíduos e, para a área do Trabalho, entre outros, são considerados a qualidade e a vulnerabilidade do trabalho e a disparidade salarial segundo o sexo.

Os dados preliminares de 2014 apontam para uma nova quebra, representando na comparação com o ano base uma variação de 24,7 pontos percentuais.

Estes dados refletem “a progressiva vulnerabilidade das famílias fortemente induzida pelo afastamento das mesmas do mercado de trabalho, pelos elevados níveis de endividamento e pela intensificação da dificuldade em pagar os compromissos assumidos com a habitação”.

Já o “Trabalho e remuneração” foi a componente do bem-estar com evolução mais desfavorável, devido essencialmente ao aumento do desemprego e outras variáveis relacionadas, que se acentuou a partir de 2009. O valor projetado para 2014 indicia uma ligeira inversão desta tendência.

No período analisado, os dois índices sintéticos “Condições materiais de vida” e “Qualidade de vida” evoluíram em sentidos opostos, com o primeiro a evidenciar uma tendência decrescente, que se atenuou a partir de 2012, e o segundo a apresentar uma tendência crescente, ligeiramente atenuada após 2011.

Os dados para 2014 “permitem perspetivar uma ligeira alteração da trajetória referida no que se refere ao índice relativo às Condições materiais de vida”.

“Depois, do (contínuo) agravamento ao longo dos últimos 10 anos, que implicou uma desvalorização de 15,7 pontos percentuais entre 2004 e 2013 ─ devido à forte correlação entre muitas das variáveis que compõem este indicador sintético e o funcionamento do sistema económico -”, este índice poderá apresentar um ligeiro acréscimo em 2014.

Para a evolução das Condições materiais de vida “contribuiu positivamente o comportamento do domínio do Bem-estar económico, o qual atinge um índice de 108,6 no ano 2009 decrescendo nos anos seguintes até 2012 e crescendo a partir desse ano”.

O acréscimo projetado de 4,8 pontos percentuais no domínio do Bem-estar económico ocorrido entre 2004 e 2014 não foi, contudo, suficiente para evitar o decréscimo do índice agregado das Condições materiais de vida, dada a forte descida ocorrida nos outros dois domínios: Vulnerabilidade económica e Trabalho e remuneração.