Ainda que não seja uma realidade frequente é, de acordo com diversos estudos, mais normal do que possa parecer e, prova disso, é que já foram identificados no mundo diversos casos de pessoas afetadas pelo intitulado "beijo da surdez".

A sucção intensa, própria de um simples beijo apaixonado, exerce inevitavelmente força no frágil tímpano que compõe o ouvido humano – causando turbulência no fluido da cóclea (também conhecida como ouvido interno) –, e pode, em última análise, conduzir à perda da capacidade auditiva. É esta a conclusão de Levi Reiter, professor de audiologia da Hofstra University, em Nova Iorque, depois de ter identificado mais de 30 casos de pessoas com problemas auditivos causados por beijos nos ouvidos.

De acordo com os seus doentes, a sensação causada por esta lesão é semelhante à da pancada de uma bola no ouvido. Os lesados afirmam que passaram a ouvir como se estivessem atrás de uma tela, percecionando as vozes totalmente abafadas.

Ainda que o uso de aparelhos auditivos tenha contribuído para melhorar a capacidade auditiva das pessoas lesadas, a verdade é que algumas delas continuam a experimentar sensações intermitentes de plenitude auricular (ouvido tapado) e comichão no ouvido.

Não está cientificamente provado, mas Levi Reiter especula que uma injeção de esteroides – normalmente usada no tratamento de casos de perda auditiva repentina – possa ser a solução para este tipo de lesão. Especulações à parte, de uma coisa Dulce Martins Paiva, diretora geral da GAES – Centros Auditivos Portugal está certa: "Quanto mais tarde for diagnosticada, maior será o grau de perda auditiva e mais difícil será encontrar uma solução auditiva que satisfaça a expectativa do paciente".