“Esta é uma situação que carece de intervenção urgente, de modo a garantir o normal funcionamento do serviço de medicina interna. Não é aceitável que os médicos estejam sujeitos a uma sobrecarga de trabalho desta dimensão, que atenta contra o seu direito ao descanso bem como contra os direitos laborais”, afirmou o BE em comunicado enviado aos órgãos de comunicação social.

A falta de médicos internistas no CHTMAD, que agrega os hospitais de Vila Real, Chaves, Régua e Lamego, foi sublinhada recentemente pelo Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos e levou ao pedido de demissão do diretor do serviço.

Entre março e o verão saíram deste serviço três especialistas de medicina interna, o que fez baixar para 26 os médicos que trabalham nas três unidades que constituem o centro hospitalar, designadamente Vila Real (14), Chaves (9) e Lamego (3). A estes acrescem mais 13 que estão em formação.

É por isso, para os bloquistas, “imperioso que seja desencadeado o processo conducente à contratação de médicos internistas” para aquele centro hospitalar.

“As dificuldades sentidas no serviço de medicina interna, associadas à ausência de soluções, fazem com que o diretor do serviço esteja demissionário há um mês”, referiu ainda o partido.

No final do mês de novembro, o conselho de administração “decidiu cancelar unilateralmente as férias já marcadas de alguns médicos de medicina interna” e, segundo o Bloco de Esquerda (BE), desde o início do mês de dezembro, que os "internistas estão a recusar fazer horas extraordinárias além das legalmente previstas”.

O Bloco referiu que “há médicos a assegurar mais de 80 horas extraordinárias por mês bem como outros com 20 turnos de urgência marcados para o mês de dezembro”.

De acordo com a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) deveria contar com 55 a 57 médicos internistas. Esta unidade dá resposta a uma população que ascende às 270 mil pessoas.

Perante este problema, o BE questionou o Governo, através de um requerimento entregue na Assembleia da República e dirigido ao Ministério da Saúde, sobre se tem “conhecimento da situação exposta” e que “medidas estão a ser implementadas para garantir a contratação de médicos internistas para o CHTMAD”.

Os bloquistas querem ainda saber se vai “ser aberto concurso tendo em vista a contratação de médicos internistas” e qual “é a situação contratual dos médicos internistas atualmente em funções no CHTMAD”.

Na semana passada, a administração do CHTMAD garantiu que, na unidade hospitalar de Vila Real, “existem médicos suficientes para assegurarem os serviços de urgência” e que, relativamente aos hospitais de Lamego e Chaves, “foram providenciadas medidas para colmatar as falhas existentes nestas unidades com a mobilidade e esforço de todos os médicos”.

Devido ao “excesso de médicos a tirarem férias em dezembro”, o conselho de administração salientou ainda que “foi necessário proceder ao cancelamento das mesmas por forma a assegurar os serviços e a qualidade assistencial a que o utente tem direito”.

Contactado hoje pela agência Lusa, o CHTMAD referiu não existirem novidades sobre este processo.