Cinco meses depois de ter tomado posse como bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães admite que a instituição volte a apoiar uma nova greve da classe.

"Essa questão vai ter que ser colocada ao Conselho Nacional da Ordem e é natural que a Ordem venha a apoiar os médicos que façam greve. (...) Temos sinalizado várias deficiências graves, todas as semanas há problemas que tento resolver internamente, mas é preciso dizer às pessoas o que se está a passar", revelou em entrevista ao jornal Público.

Quanto à proposta de alargar a idade dos médicos a trabalhar nos serviços de Urgência, Miguel Guimarães acusa o ministro de não ser sério. "Numa altura em que os médicos são brutalmente explorados e pressionados (...), em que a responsabilidade não para de aumentar, dizer que podem trabalhar na urgência até idades mais avançadas é uma proposta inaceitável", comenta.

Por outro lado, o bastonário diz que a tabela salarial paga aos médicos do Serviço Nacional de Saúde "não corresponde minimamente à responsabilidade que os médicos têm".

Médicos morrem mais cedo

Em entrevista ao referido jornal, o clínico defende ainda que a profissão de médico deveria ser considerada de desgaste rápido à semelhança do que acontece em outros países europeus. "As pessoas têm a ideia de que os médicos são super-homens e não são. A esperança média de vida dos médicos é menor do que a da média da população em sete ou oito anos. Os médicos trabalham muitas horas, alimentam-se mal, não têm uma vida muito saudável", assevera, defendendo por isso a criação de um regime especial para a classe.

O bastonário cita ainda um estudo recente realizado em Portugal pela própria Ordem dos Médicos que mostra que 66% dos médicos têm pelo menos um dos três principais indicadores da síndrome de esgotamento profissional.

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