12 de setembro de 2013 - 21h40
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, apelou hoje aos médicos para denunciarem todos os casos onde a atividade médica ou a relação médico/doente seja alvo de perturbações.
"Comuniquem à Ordem dos Médicos se têm dificuldades em ter acesso ao que é necessário para a prática médica, denunciem qualquer coisa ou qualquer pessoa que se procure intrometer entre o médico e o cumprimento do seu código deontológico", sustentou.
Durante a inauguração da nova sede da secção distrital de Viseu da Ordem dos Médicos, que decorreu ao final da tarde, o bastonário fez saber que em breve serão tornados públicos casos de substituições de prescrições de medicamentos nas farmácias.
"Como não é fácil fazer passar a nossa mensagem, iremos publicá-la na comunicação social em forma de anúncio, de forma completa e percetível", avançou.
José Manuel Silva sublinha que é fulcral os médicos notificarem a Ordem com situações concretas abusivas das farmácias, já que não se pode aceitar que as prescrições possam ser alteradas.
"Nós não procuramos o negócio quando fazemos uma prescrição. Está nas nossas mãos defender a dignidade da profissão, da prescrição médica e o direito dos doentes à melhor medicação, mais barata e manutenção das mesmas marcas prescritas", defendeu.
O bastonário lembrou que em alguns casos os doentes acabam numa urgência médica por sobredosagem, porque acabam a tomar duas ou três marcas com o mesmo princípio ativo.
"Entristece-me que recebamos mais notificações de doentes do que de médicos, que têm de se habituar a comunicar mais com a Ordem, de forma a que esta possa ter uma intervenção mais concreta, eficaz e consequente", alegou.
No seu discurso, criticou ainda a questão dos licenciamentos e o novo decreto-lei das convenções, que no seu ponto de vista vão levar à liquidação do setor privado de pequena e média dimensão.
O representante dos médicos avançou ainda que, durante a próxima semana, será apresentado um estudo de demografia médica que vem comprovar que vai haver um excesso de médicos a curto e médio prazo.
"Não gostaríamos de ver a mercantilização da saúde em Portugal, pois isso traria consequências muito negativas para os doentes", concluiu.

Lusa