31 de janeiro de 2014 - 15h00
O diretor do Banco de Tumores do IPO/Porto disse hoje à Lusa que esta unidade encontra-se em fase final de implementação e que deverá entrar em pleno funcionamento dentro de “algumas semanas”.
“Pretendemos ter uma colheita anual de amostras na ordem das três ou quatro mil por ano”, afirmou Rui Henrique, admitindo algum atraso na implementação do banco devido à falta de recursos humanos com que o IPO do Porto se tem debatido.
Inaugurada em setembro de 2012, esta unidade funcional do IPO/Porto permite a colheita, armazenamento e utilização de tecidos excedentários para investigação biomédica, mediante a prévia autorização escrita do doente.
“O banco institucional está na fase final de implementação. O IPO e outras instituições debateram-se com problemas em termos de pessoal, houve grande dificuldade ao longo deste tempo para termos pessoas suficientes que nos permitissem arrancar com o projeto em pleno”, afirmou o responsável.
Contudo, segundo disse à Lusa, o problema foi parcialmente resolvido, através do recurso a uma medida governamental de estágio/emprego jovem, que permitiu contratar dois colaboradores.
“Esses dois elementos estão neste momento a ultimar aquilo que é necessário para que o banco possa funcionar em pleno”, afirmou.
Rui Henrique salientou que o IPO/Porto “há mais de dez anos que já faz recolha seletiva de tecidos para estudos específicos”, mas o que se pretende com a criação do banco institucional é “alargar essa atividade de uma forma sistemática ao instituto, à sua atividade global, não estar apenas restrito a projetos específicos”.
“Neste período, as amostras do banco ainda refletem os projetos fundamentais que estavam já em curso e que são as áreas nas quais o IPO Porto tem liderado em termos de investigação a nível nacional, que é o cancro da uropatologia, ou seja, das neoplasias do trato urológico”, disse.

Nesta área, o banco do IPO Porto recolheu “cerca de 1200 amostras de carcinoma da próstata e à volta de 300 de carcinoma da bexiga e de carcinoma renal”.
“Este é o arquivo com o qual nós temos vindo a trabalhar e que agora pretendemos expandir para as neoplasias mais frequentes, mas também para algumas neoplasias que são raras mas importantes sob o ponto de vista de conhecimento médico”, acrescentou.
Quando o banco entrar em funcionamento pleno, o IPO do Porto fará uma “ampla campanha de divulgação”, nomeadamente junto dos clínicos, com o objetivo de sensibilizar os utentes do instituto para os benefícios em termos investigacionais da doação do material excedentário.
“Neste momento não temos condições para colher um elevado número de amostras. Nada é pior do que criarmos uma expectativa de que algo é possível e a pessoa saber que de forma solidária contribui para um projeto e depois não termos capacidade de lidar adequadamente com a situação”, considerou.
Em termos de responsabilidade social, Rui Henrique referiu que o banco funciona como “um mecanismo de solidariedade entre pacientes, ou seja, a investigação que é feita no material excedentário daquele paciente poderá vir a ser muito importante para a compreensão da doença em outros pacientes com condições semelhantes. Isso é também algo que está explícito no termo de consentimento informado”.
O objetivo é dotar o Banco de Tumores de amostras que não sejam necessárias para o diagnóstico e/ou tratamento dos doentes e que poderão vir a ser utilizadas para investigação biomédica, respeitando-se o princípio da confidencialidade e anonimato.
O responsável garante que não haverá comercialização dos tecidos colhidos e que não é objetivo do Banco de Tumores a criação de um Banco de Dados Genéticos.
Lusa