Um grupo de enfermeiros concentrou-se esta manhã em frente ao Hospital de Aveiro para protestar contra a dispensa, no final deste ano, de nove colegas contratados a uma empresa e que trabalhavam no Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV).

Além destes enfermeiros - a que se junta um grupo de dez médicos e técnicos de diagnóstico e terapêutica na mesma situação - já receberam um email da empresa a informar que o contrato de trabalho termina no final deste mês.

Os nove enfermeiros que não vão ver os contratos renovados estão distribuídos pelos serviços de Medicina e Ortopedia, do Hospital de Águeda, e pelo serviço de Urgência do Hospital de Aveiro.

O Sindicato dos Enfermeiros já veio a público contestar esta atitude "imprudente e despropositada" e que, a concretizar-se, resultará em "claros prejuízos para a qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem que serão prestados aos utentes".

Segundo o sindicato, o serviço de Medicina no Hospital de Águeda, que já se debatia com a falta de enfermeiros, será o mais afetado, já que vai ficar sem cinco dos 27 enfermeiros que prestam ali serviço, estando já assumida a redução do número de enfermeiros no turno da manhã de nove para oito.

"Só nos últimos três meses, os enfermeiros que trabalham neste serviço realizaram quase 2.900 horas para além do seu horário normal de trabalho, o que corresponde a 20 meses de trabalho de um enfermeiro", disse à Lusa, Pedro Frias, do Sindicato dos Enfermeiros.

Gabriel Duarte, um dos enfermeiros que presta serviço naquela unidade e que não verá o seu contrato renovado, diz que nos últimos meses trabalhou mais de 200 horas por mês, quando devia fazer cerca de 140 horas por mês.

"Isto é muito cansativo e o cansaço baixa um pouco a qualidade", disse o enfermeiro, admitindo que a saída destes cinco enfermeiros colocará em causa a qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem prestados aos utentes.

Este enfermeiro, de 25 anos, diz que "é complicado começar um novo ano, em que tudo aumenta, no desemprego", assumindo que poderá ter de emigrar "se for forçado a isso".

Contactada pela Lusa, a administração do CHBV diz que estes casos são relativos a contratos com termo, que cessam a 31 de dezembro de 2012 e que "por imperativos legais não vão ser renovados".

Apesar disso, a administração do CHBV reconhece que estes profissionais são necessários, tendo já pedido "autorização superior" para manter estes colaboradores em funções.

26 de dezembro de 2012

@Lusa