01 de agosto - 15h40

Uma equipa de investigadores do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e da University Medical Center Goettingen, na Alemanha, liderados por Tiago Fleming Outeiro publicou recentemente um artigo de investigação cujos avanços abrem novas perspetivas terapêuticas para a doença de Parkinson.

O estudo recentemente publicado na Cell Death and Disease analisou a relação entre as proteínas DJ-1 e alfa-sinucleína e verificou a existência de uma importante interação que propicia o desenvolvimento da doença. 
“A doença de Parkinson é um puzzle extremamente complexo e estudos como este ajudam-nos a encaixar mais peças do puzzle, abrindo novas perspetivas para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas”, afirma Tiago Fleming Outeiro.

Apesar da maior parte dos casos da doença de Parkinson ser esporádica, 5 a 10 por cento dos doentes apresenta alterações genéticas que causam formas familiares da doença. Sabe-se que alterações no gene que codifica para a proteína DJ-1 causam formas familiares de doença de Parkinson, mas o papel desta proteína na célula é ainda pouco conhecido. 

De igual forma, a proteína alfa-sinucleína também está intimamente associada com a doença uma vez que, para além de mutações no gene que a codifica, esta proteína é a principal componente dos aglomerados proteicos que se encontram nos cérebros dos doentes de Parkinson e que se pensa estarem associados à disfunção e morte neuronal que estão na origem dos sintomas clínicos da doença.

Através de técnicas de microscopia avançada a equipa verificou que as duas proteínas interagem fisicamente e que esta interação é protetora para as células. Além disso, os investigadores observaram ainda que esta interação não ocorre quando a proteína DJ-1 contém as mutações que estão associadas à doença de Parkinson, o que sugere que esta situação possa promover o desenvolvimento da doença.

“Este novo trabalho demonstra que a proteína DJ-1 pode representar um alvo terapêutico importante para o tratamento da doença de Parkinson, em particular para os casos que envolvem anomalias na função da proteína DJ-1”, explica Tiago Fleming Outeiro. 

Resultados importantes numa altura de envelhecimento populacional dado que a doença de Parkinson apresenta um elevado risco de aparecimento associado à idade, com uma drástica tendência de aumento na sua prevalência.