16 de maio de 2013 - 10h02
A Direcção-Geral de Saúde (DGS) "vai estar mais atenta" ao coronavírus depois de terem sido registados os primeiros casos de transmissão de entre profissionais de saúde, disse hoje à agência Lusa a subdiretora-geral, Graça Freitas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) registou quarta-feira os primeiros casos de transmissão de coronavírus entre profissionais de saúde, ocorridos na Arábia Saudita após contacto com pacientes infetados.
Em declarações hoje à Lusa, Graça Freitas disse que, apesar de terem sido registados dois casos em profissionais de saúde da Arábia Saudita (que terão sido infetados por alguns pacientes), nada indica que o coronavírus venha a passar de pessoa para pessoa.
“Já havia indícios de que poderia haver transmissão muito pouco eficaz, ou seja, em relação a cada doente e aos contactos próximos, havia inúmeras situações em que parecia haver essa transmissão, tanto que na Europa, a partir de casos importados da Arábia Saudita e depois de um ou dois casos secundários, já havia quase essa evidência de que o vírus podia transmitir-se de pessoa a pessoa”, realçou.
Contudo, segundo a subdiretora-geral da Saúde, essa transmissão "não é uma transmissão eficaz, ou seja, acontece muito raramente em circunstâncias de muita proximidade e em casos muito especiais".
“Os profissionais de saúde, pelas tarefas que desempenham, são sempre um grupo mais exposto, mais vulnerável, pois estão em contacto muito direto com doentes infetados - às vezes muitíssimo direto, por causa do tipo de manobras que têm de praticar nos pacientes”, explicou.
Graça Freitas salientou que os profissionais de saúde, além dos familiares dos doentes, são as pessoas que mais expostas estão e mais risco correm, "apesar de a transmissão ser pouco eficaz".
“Houve transmissão porque houve um contacto muito direto entre as pessoas que contraíram a doença e os doentes. Nada indica que neste momento dê origem a uma transmissão em cadeia, mas temos de estar atentos, ver como é a sua evolução e ter mais conhecimentos sobre a situação”, adiantou a responsável.
Graça Freitas lembrou que estes casos são diferentes dos de pneumonia atípica ou Síndrome Respiratória Aguda Severa (SRAS) detetados em 2003, que causaram a morte a mais de 800 pessoas na China.
“Em 2003 tínhamos um doente que infetava imensas pessoas, inclusive profissionais de saúde. Aí sim, era uma transmissão eficaz, exportava-se para vários países e havia surtos, era uma dinâmica completamente diferente”, explicou.
20 mortes em todo o mundo
O coronavírus, pertencente a uma vasta família dos vírus que causam a SRAS, causou já a morte a 20 pessoas, 15 delas na Arábia Saudita. 
A DGS recomenda cuidados especiais na higiene pessoal de pessoas e estabelecimentos de saúde e cuidados redobrados na atuação dos profissionais de saúde.
Graça Freitas conselha ainda os cidadãos que viajarem para a península arábica a terem cuidados redobrados com a higiene das mãos e evitarem o contacto com animais para prevenir o coronavírus, "um vírus potencialmente fatal".
Lusa