O autarca socialista Rui Santos foi recebido hoje, em Lisboa, pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, depois de “uma longa espera” pela audiência que teve como objetivo alertar para os problemas que afetam o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), que agrega os hospitais de Vila Real, Chaves, Régua e Lamego.

O presidente transmontano salientou o "défice de 10 milhões de euros" que o CHTMAD registou em 2014, considerando que, "se nada for feito", poderá estar em causa a “insolvência técnica” desta unidade hospitalar, e ainda a falta de recursos humanos, com destaque para o serviço de anestesiologia, de onde “saíram nove médicos em poucos meses”.

Rui Santos disse à agência Lusa que, confrontado com estas questões, Paulo Macedo anunciou “medidas paliativas” que não resolvem o “problema de fundo” deste centro hospitalar.

“O senhor ministro disse que estava a tentar ultrapassar esse défice de recursos humanos com medidas pontuais, autorizando o centro hospitalar a fazer a contratação de médicos em regime de prestação de serviços. Vai ainda haver um acréscimo de financiamento de quatro milhões de euros”, salientou.

Apesar de considerar que são medidas que, “obviamente, vão no bom sentido”, o autarca sublinhou que estas “não resolvem o problema do CHTMAD a médio e longo prazo".

E, para o presidente, a questão de fundo deste centro hospitalar “é a perda constante de recursos humanos e a não reposição da situação financeira porque, mesmo, com o reforço de quatro milhões vai continuar a existir um défice”.

“Compreendo os paliativos, compreendo algumas medidas e até as acho positivas, mas fiquei preocupado com o sentimento de suposta inevitabilidade que o senhor ministro colocou em cima da mesa ao dizer que não há médicos em Trás-os-Montes porque não há médicos no país”, salientou.

O autarca lembrou que Paulo Macedo desempenha funções como ministro há quatro anos e meio, e questionou o “que foi feito em concreto para alterar essas circunstâncias”.

Rui Santos disse ainda que o município mantém a intenção de promover uma vigília, ainda sem data marcada, para alertar para a situação “gravíssima” do centro hospitalar e para a qual vai convidar toda a população, bem como os profissionais que trabalham na unidade de saúde.

Vai ainda iniciar uma campanha de alerta para a “realidade” do CHTMAD, através da distribuição de materiais gráficos diversos, e insistir, junto do ministro da Saúde, com um pedido de reunião urgente.

Estas medidas foram aprovadas em reunião de câmara, no final do mês de julho, e contaram com o voto contra da oposição social-democrata.

O autarca teme que “o esvaziamento do centro hospitalar” seja estratégico para levar à sua desclassificação de hospital central para hospital distrital.