Em comunicado enviados às redações, a Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) congratula-se com os dados recentes do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) que revelam um aumento do número de transplantes. No entanto, continua a faltar uma reorganização urgente da coordenação hospitalar para a doação e colheita de órgãos, bem como um reforço e incentivo dos recursos humanos que se dedicam aos transplantes, dizem.

Este ano já foram realizados em Portugal, 278 transplantes renais, 155 transplantes hepáticos, 16 transplantes de pâncreas, nove de pulmão e 20 de coração.

Apesar de o panorama atual ser animador, Susana Sampaio, médica e presidente da SPT, considera que "não chega, dado que a alta incidência de doença renal avançada precisa de ainda mais transplantação renal".

"O aumento do transplante renal de dador vivo e da colheita em dadores em paragem cardiocirculatória podem ajudar-nos a alcançar resultados ainda melhores", explica Susana Sampaio.

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"O transplante de rim de dador vivo permite o maior sucesso clínico e pode aumentar as taxas de transplantação renal mas tem uma expressão ainda muito reduzida em Portugal. É fundamental relançar as campanhas de informação sobre a doação em vida e cabe ao Ministério da Saúde, em conjunto com as sociedades científicas voltar a dar atenção a esta questão", defende.

Falta de organização

A presidente da SPT realça ainda que Portugal "tem centros de referência de transplantação mas carece duma reorganização urgente da coordenação hospitalar para a doação e colheita de órgãos".

"Os recursos humanos para a transplantação são altamente especializados e face ao crescente número de transplantados precisam de maior reforço e incentivo", acrescenta, dizendo que existem unidades a trabalhar no limite.

Relativamente aos doentes transplantados há também ainda aspetos a corrigir, acredita. "Os direitos dos transplantados consagrados na lei são irregularmente cumpridos por algumas administrações hospitalares e a descentralização do seguimento dos transplantados renais por serviços de nefrologia com competência para tal tem que ser rapidamente regulada e implementada", comenta.