10 de abril de 2014 - 15h45

Os primeiros episódios de depressão notificados pelos profissionais
nos centros de saúde aumentaram entre 2004 e 2012, altura em que se
registou “o agravamento das condições sociais e económicas em Portugal”,
segundo dados da Rede de Médicos-Sentinela.

De acordo com um
artigo publicado no Boletim Epidemiológico do Instituto Nacional de
Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), verifica-se “uma coincidência temporal
entre o aumento da taxa de incidência anual estimada de primeiros
episódios de depressão nos cuidados de saúde primários e o agravamento
das condições sociais e económicas em Portugal”.

Os dados obtidos
pela Rede de Médicos Sentinela – constituída por especialistas em
medicina geral e familiar que exercem funções nos centros de saúde de
Portugal – as taxas de incidência de depressão observadas em 2004 e 2012
foram superiores no sexo feminino.

O documento aponta para uma
taxa de incidência de depressão de 1.389 por 100.000 utentes em 2012,
sendo mais elevada nas mulheres (2.136 por 100.000 utentes) e no grupo
etário 45-54 anos (2.408 por 100 000 utentes).

Os resultados
sugerem um aumento da taxa de incidência de primeiros episódios de
depressão nas mulheres após os 45 anos e um aumento mais assinalado nos
homens no grupo etário do 55 aos 64 anos.

“O aumento da
frequência de depressão entre 2006 e 2010 foi também observado em
Espanha, existindo evidência que, em contexto de crise, os homens estão
em maior risco de desenvolver doenças mentais”, lê-se no Boletim.

Contudo,
o próprio estudo do INSA refere que, tendo em conta a totalidade de
casos em utentes a partir dos 15 anos, não é evidente uma variação das
taxas de incidência anuais de depressão.

“No entanto, ao proceder à
estratificação das taxas de incidência por sexo e grupo etário,
evidenciaram-se variações significativas em grupos etários específicos”,
refere o documento.

Lusa