A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) discutiu com o Ministério da Saúde a hipótese de serem realizadas “auditorias clínicas com poder para impor regras" de forma a controlar os "exageros" das prescrições de medicamentos nos serviços de saúde, disse fonte sindical.

Representantes da FNAM e do Ministério da Saúde estiveram reunidos ao final da tarde de segunda-feira, num encontro em que descobriram ter opiniões "bastante coincidentes" sobre a necessidade de controlar a prescrição medicamentosa e as horas extraordinárias, disse hoje à agência Lusa fonte sindical.

A iniciativa de realizar uma reunião para “discutir pontos importantes que tinham ficado pendentes com o anterior Governo” partiu da FNAM, que foi recebida, em Lisboa, pelo ministro Paulo Macedo e pelo secretário de Estado adjunto e da Saúde, Fernando Leal da Costa.

O presidente da FNAM, Sérgio Esperança, revelou que os responsáveis governamentais se mostraram “preocupados com a questão das despesas”, principalmente quanto aos “gastos excessivos” da medicação e das horas extraordinárias.

“Foram trocadas opiniões bastante coincidentes sobre a questão de medicação, no que toca à prescrição medicamentosa”, sublinhou Sérgio Esperança, explicando que sindicato e ministério defendem “a necessidade de contratualizar serviços de modo a haver mais controlo”.

Sérgio Esperança lembrou que “existem exageros nas prescrições”, “gastos excessivos e desperdícios” nas instituições do Serviço Nacional de Saúde que, na opinião da FNAM, deviam ser controlados com “auditorias clínicas que possam impor regras”.

“Não há a mínima preocupação com as regras de prescrição e controlo a nível medicamentoso”, criticou Sérgio Esperança, defendendo a necessidade de “haver nos hospitais e centros de saúde auditorias clínicas que possam intervir e pôr regras e contenção em alguns exageros, sem entrar no capítulo absoluto das restrições”.

As horas extraordinárias dos médicos foram outro dos problemas discutidos: “Há exageros nos gastos que podem ser diminuídos se houver contenção”, sublinhou o sindicalista.

Para o presidente da FNAM, os serviços têm capacidade para "negociar a totalidade ou quase totalidade das horas extraordinárias”.

No final do encontro ficou a promessa de que “muito em breve” FNAM e responsáveis ministeriais vão outra vez sentar-se à mesma mesa para voltar a discutir os principais problemas na área da saúde. O encontro “será no final do mês de agosto ou início de setembro”, sintetizou Sérgio Esperança.

Entretanto, “nos próximos dias”, a FNAM deverá enviar um “pequeno memorando” sobre as áreas prioritárias, como as unidades de saúde familiar. Sérgio Esperança lembrou algumas das já antigas preocupações da FNAM que vão desde a “lentidão da reforma dos cuidados de saúde primários” à avaliação de desempenho dos médicos.

02 de agosto de 2011

Fonte: Lusa