3 de outubro de 2013 - 12h22
 A Associação Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU) denunciou mais uma alegada “descarga poluente” na Ribeira da Pantanha, em Nelas, mas a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) rejeitou ter qualquer responsabilidade no caso.
“Teve lugar nos últimos dias uma enorme descarga poluente. Os efluentes que estavam concentrados na Barragem de Valinhos foram libertados para a Ribeira da Pantanha que, por sua vez, face à força das águas que vieram com as últimas chuvas, fizeram com que estes resíduos fossem para o Rio Mondego”, explica a direção da AZU, em comunicado.
Contactada pela agência Lusa, fonte do conselho de administração da EDM explicou que, a 12 de setembro, terminaram trabalhos no sentido de reabilitar novamente a zona de Valinhos.
Esta zona já tinha sido “alvo de uma grande obra de recuperação ambiental efetuada ao abrigo do contrato de concessão que a EDM detém com o Estado português para a recuperação de áreas mineiras degradadas através de financiamento comunitário”, recordou.
No entanto - acrescentou -, “por motivos e razões alheias" à EDM, esta zona "voltou a ser alvo de descargas de resíduos contaminados”, tendo o problema ficado solucionado com a intervenção terminada a 12 de setembro.
Segundo a mesma fonte, após a conclusão da ação de limpeza e graças às chuvas dos últimos dias, a zona de Valinhos “já se encontra em fase de enchimento, acontecimento normal e previsível para a época do ano”.
“A EDM não tem conhecimento, não autorizou, nem efetuou na sua área de intervenção na zona de Valinhos qualquer tipo de descarga de efluentes para a Ribeira da Pantanha, nos últimos dias, sendo que não é da sua responsabilidade qualquer contaminação”, assegurou.
A mesma fonte sublinhou que “a EDM tem efetuado significativos e reconhecidos trabalhos na área da remediação ambiental de minas abandonadas pelo país inteiro”.
No caso da zona de Valinhos, tem até atuado "para além dos seus limites financeiros, no sentido de repor o equilíbrio ambiental" no local, mas “não pode, nem deve, assumir responsabilidades que não advêm da sua atuação”, acrescentou.
A AZU lembra que esta situação aconteceu quatro meses depois de ter apresentado uma queixa ao Ministério do Ambiente, a denunciar “o atentado ambiental de que é alvo a Ribeira da Pantanha e, por conseguinte, o Rio Mondego”.
Segundo a direção da associação, só agora o Ministério do Ambiente deu resposta à queixa, “dizendo que irá analisar o problema, quando este é por demais conhecido”.
“Nesta data triste para AZU, que ao longo dos anos vem lutando contra este atentado ambiental, fazendo com que os resíduos radioativos das minas da Urgeiriça tenham praticamente acabado face à recuperação ambiental em curso, não podemos deixar de repudiar este grave acontecimento, do qual não sabemos medir os graves prejuízos que teve para o ambiente”, acrescenta.
A AZU considera que está também em causa a qualidade de vida de quem mora junto à Ribeira da Pantanha, devido ao “cheiro ativo” da sua água, que ficou “negra e empastada, não se diferenciando o que é água e o que são efluentes”.

Lusa