O responsável daquela Instituição Particular de Segurança Social (IPSS) explicou que o problema decorre do "drama social muito grande que são as pessoas, com o avançar da idade, deixarem de ter capacidade para tratar dos filhos portadores de paralisia cerebral".

"O tribunal tem pressionado esta direção para que se torne tutora dessas pessoas, quando a APPC não o pode ser", recusou Abílio Cunha que admite que a resistência "não tem sido fácil".

Com quatro instalações situadas na região do Porto, a APPC possui utentes que são também residentes, "sendo sobre eles, mas não só", que o tribunal "tem insistido" para que a figura de tutor seja implementada, referiu aquele dirigente.

Para a diretora executiva do Centro de Reabilitação da APPC, Ana Sofia, a insistência do tribunal "tem por base um cenário de proteção de gente cujo perfil de funcionalidade não tem capacidade para gerir a sua vida e sem família e que quem tem mais próximo é a APPC, que desenvolveria essa função".

"Na prática, a APPC receberia a pensão e depois essa pessoa pagaria à APPC pelos serviços prestados, mas teria de haver uma terceira parte a regular estas relações, pois tudo isto pode deixar esta pessoa numa situação bastante frágil e vulnerável", esclareceu a diretora.

E explica os motivos da recusa da APPC: "somos uma IPSS que a cada quatro anos tem uma nova direção, que a cada instante pode ter novos colaboradores e nós não podemos vulnerabilizar estas pessoas, não é este o nosso papel".

Abílio Cunha contou à Lusa que já levou o caso ao anterior Governo, que chegou a falar com o antigo secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Marco António Costa e "que até foi proposto, entre outros, que o Montepio, dadas as suas características mutualistas, fosse a entidade que ficaria com esse serviço de tutória".

Ana Sofia salientou ainda que enveredar pela solução proposta pelo tribunal "pode adulterar a missão da associação".

"Sabemos que é tentador, ainda por cima quando há património envolvido dados os nossos problemas de tesouraria, mas temos de proteger as pessoas", disse.