25 de fevereiro de 2014 - 08h05

A presidente da Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro (XXS) defendeu hoje que os candidatos a pais sejam informados dos riscos de prematuridade desde que planeiam um filho para, sem alarmismos, estarem preparados para essa eventualidade.

“Não queremos alarmar, queremos informar”, disse à agência Lusa Paula Guerra, dirigente e uma das fundadoras da XXS, associação que quarta-feira será recebida pela Comissão Parlamentar de Saúde sobre o “estado atual da saúde materna e neonatal e, em especial, o nascimento prematuro”.

Paula Guerra, mãe de uma criança que nasceu prematura, sublinha que durante a gestação a grávida não é normalmente informada dos riscos de ter um filho prematuro e, por isso, não está preparada para o que isso significa.

Tendo em conta que “uma em cada dez crianças nasce antes do termo”, e que existem maiores riscos de prematuridade nas gravidezes de adolescência e também após os 35 anos, Paula Guerra defende que este tema seja incluído nas consultas com o ginecologista e obstetra, mas também nas matérias escolares.

Após o nascimento destas crianças, e tendo em conta que muitas delas necessitam de cuidados especiais e internamentos prolongados, a XXS defende que, após o parto, as mães destas crianças não estejam junto de puérperas com os filhos de termo.

“É muito difícil para uma mãe que teve um filho antes do tempo e que não pode estar com ele, por este estar a receber cuidados especiais, estar junto de outras mães com os filhos ao lado”, disse.

Paula Guerra compreende as limitações das maternidades, nomeadamente de espaço, mas defende por isso um trabalho em conjunto com os profissionais de saúde.

“Não exigimos nada, queremos é ajudar, pois sabemos que não é
fácil”, disse, reconhecendo que algumas instituições de saúde já levam
em conta esta questão.

Para Paula Guerra, algumas das medidas que
podem ajudar estes pais – e os seus filhos prematuros – nem sequer
exigem um investimento financeiro.

“Basta a reorganização do espaço”, afiançou.

Ao
nível do pós alta, a XXS está preocupada por nem todas as crianças
serem referenciadas para os programas de intervenção precoce, os quais
garantem um acompanhamento, não só da criança, como do agregado
familiar.

“São crianças que nasceram em risco e este não acaba totalmente após a alta clínica”, disse.

As
Estatísticas Demográficas do Instituto Nacional de Estatística (INE)
revelam que, em 2012, nasceram 6.963 prematuros em Portugal, o que
representa 7,8 por cento dos nascimentos.

O mesmo documento
indica que, entre 2007 e 2012, baixou a percentagem de nados vivos
prematuros (com menos de 37 semanas de gestação) de 9,1 para 7,8 por
cento.

Em 2012, a maior percentagem de nados vivos prematuros verificou-se nas mães com idades acima dos 39 anos de idade.

Lusa