Produtos como "cogumelos do tempo, chás medicinais e ‘kits’ de emagrecimento" podem ser considerados, de acordo com a lei das práticas comerciais desleais, ilegais, por a publicidade feita em torno desses produtos alegar a cura "de determinadas maleitas", combate eficaz a doenças ou resolução de problemas de peso, explicou o presidente da Associação Portuguesa de Direito de Consumo (APDC), Mário Frota.

Essa mesma lei refere que se considera enganosa a comercialização que "contenha informações falsas, suscetíveis de induzir em erro o consumidor nas características, composição e entrega do produto".

O presidente da APDC exigiu que, "caso se confirme que estes produtos não têm comprovação científica, que se retirem do mercado e que se punam exemplarmente os seus mentores".

A regulamentação já existe, sendo apenas necessário "um maior controlo da ASAE em relação a estes produtos", fazendo-se exigências de "avaliação científica" a esses "produtos milagrosos", disse à agência Lusa Mário Frota.

"Estes produtos têm sido condenados noutros países, em que há algum cuidado no tratamento destas matérias", sublinhou, apontando o exemplo do Brasil, em que um desses produtos, semelhante a um que se vende em Portugal, foi "condenado, por se tratar de publicidade enganosa", pela justiça brasileira.

Produtos confundidos com medicamentos

Segundo o presidente da APDC, "isto não é mais do que uma fraude", defendendo "rigor na publicitação de produtos que não podem ser confundidos com medicamentos ou suplementos alimentares" e que se "discipline o setor".

Mário Frota criticou ainda a presença de "figuras públicas" a publicitar os tais "produtos milagrosos", que têm como objetivo "dar credibilidade" aos mesmos.

As queixas de consumidores à Deco sobre publicidade digital e nas redes sociais a produtos "milagrosos", como os de emagrecimento e rejuvenescimento, estão a aumentar e no ano passado ultrapassaram as 800 reclamações, mais 200 do que em 2013.