5 de fevereiro 2013 - 11h10
"Se dois medicamentos servem para o mesmo, porque é que não são parecidos?" Costuma ser esta a pergunta que os doentes mais fazem quando lhes é prescrito um outro fármaco com a mesma finalidade. 
A chegada dos genéricos levou a que o comprimido para a depressão que era amarelo passasse a ser roxo. E dois meses depois verde. Um estudo veio agora corroborar a ideia de que essa mudança de cor ou forma é uma complicação acrescida para os doentes, o que compromete a continuidade do tratamento.
A investigação norte-americana, realizada com pessoas que sofrem de epilepsia, revela que a alteração da aparência dos fármacos, bem como a introdução de genéricos no mercado, influenciou em quase 30 por cento a toma correta dos medicamentos.
A investigação foi publicada na revista JAMA Internal Medicine e confirmou que nas 11 mil pessoas em que os medicamentos iam mudando de cor a taxa de descontinuidade do tratamento atingiu os 27 por cento.
“Eu tenho muitos casos de doentes que chegam e dizem que tomavam um comprimido verde e passaram a tomar um rosa e me perguntam 'o que se está a passar?'”, diz Aaron Kesselheim, autor do estudo conduzido no Brigham and Women's Hospital, da Universidade de Harvard.
“Os medicamentos genéricos equivalentes deveriam ter a mesma aparência para se parecerem com os concorrentes de marca”, salienta Kenneth Covinsky, editora da publicação, cita a Reuters, que indica que um paciente que tome nove medicamentos pode num ano experienciar 36 fármacos diferentes com o mesmo efeito.
Uma das razões para o mesmo medicamento ter diferentes aparências está relacionada com a percepção da marca, defendida pelas farmacêuticas, que reivindicam os direitos totais sobre o aspeto físico do fármaco.
Nuno de Noronha