O inspetor geral da ASAE, João Gaspar disse à Lusa ser esta a "doação número 65 no corrente ano, tendo coberto os 18 distritos do território nacional e assegurado uma equidade nacional pelos vários setores e instituições, umas infantis, outras seniores e tendo em conta o tipo de peças em questão".

A associação, Instituição Particular de Solidariedade Social, existe desde 2011, e, em 2012, pensou num projeto de apoio à doença crónica, "sendo que, quando o serviço abriu, em 2016, apoiou pais de filhos em cuidados intensivos pediátricos e neonatais, antes de o tornar mais abrangente e então, sim, à doença crónica", revelou a diretora técnica Teresa Fraga.

Explicando que as 200 peças de roupa contrafeitas têm logótipos ou identificações da marca difícil de retirar, o uso das mesmas "fica confinado a um ambiente mais fechado", disse João Gaspar.

"Estamos a falar de material contrafeito apreendido no âmbito das ações inspetivas da ASAE nos diversos locais e que, verificado o respetivo processo judicial, o destino clássico costumava ser a destruição. Temos invertido essa lógica procurando, assim, transformar o mal em bem", acrescentou.

Salientando que a ASAE, ao promover estas doações, "de uma atividade ilícita faz outra lícita, e até socialmente relevante", garantiu que tem a "anuência das marcas da roupa" contrafeita, "ao não serem oposição e aceitarem essa rede que termina numa instituição que assegura a sua descaracterização", retirando o que possa identificar a marca em causa.

A forma como as associações podem beneficiar das ofertas parte do facto de "constarem de uma base de dados nacional e são escolhidas, nuns casos determinado pelo próprio tribunal e noutros pela ASAE, conforme a tipologia das peças em questão", explicou o responsável.

Assegurada a equidade geográfica e a não repetição de ofertas, num ano, à mesma instituição, João Gaspar frisou que "o número de utilizadores determina o tamanho da oferta, sendo que apenas pode ser usufruída pelos utentes durante o período da sua permanência na instituição".

Teresa Fraga considerou a oferta "uma mais-valia para as crianças da Casa do Kastelo", no total de 20 crianças, numa associação que também "apoia no domicílio 200 famílias com crianças com doença crónica".

"Trabalhamos com todos os hospitais, damos apoio a todas as que têm doença crónica, seja ou não oncológica e temos cá crianças desde Pedrógão Grande até Bragança", revelou a diretora técnica.

Em média, referiu, as crianças ficam 90 dias, "seja para descanso do cuidador ou em reabilitação, mas muitas vezes o seu estado clínico ou a falta de suporte familiar não permite que voltem para as suas casas ao fim desse tempo".