8 de janeiro de 2013 - 15h15

A administração regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) admitiu hoje que há um “problema preocupante” com a capacidade de resposta para realizar colonoscopias na região, tanto no setor público como no privado.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da ARS-LVT, Cunha Ribeiro, disse pretender ter, dentro de duas ou três semanas, uma estratégia definida para responder à dificuldade de realização destes exames, que servem de diagnóstico ao cancro colorretal.

As soluções que vierem a ser encontradas devem passar, segundo o responsável, pela “maximização da capacidade instalada nos hospitais públicos” e pelo recurso a entidades sociais e privadas, uma vez que o setor público não conseguirá ser suficiente.

Sobre a dificuldade de realização de colonoscopias nos privados com convenção com o Estado, Cunha Ribeiro disse que o assunto também está a ser analisado, mas sem adiantar mais pormenores.

O presidente da ARS lembrou ainda que o número de especialistas na região para realizar as colonoscopias é “insuficiente para as necessidades”, um problema que não será possível resolver a curto prazo.

Sobre o caso da doente que esperou dois anos para fazer uma colonoscopia, Cunha Ribeiro declarou que irá examinar o relatório que o hospital em causa, o Amadora-Sintra, vai realizar.

Segundo Vítor Neves, presidente da Associação de Luta Contra a Cancro do Intestino (Europacolon), a norma internacional determinam que, após um rastreio positivo à pesquisa de sangue oculto nas fezes, a colonoscopia deve ser feita de imediato.

O Diário de Notícias conta hoje que conta uma doente com cerca
de 60 anos descobriu um cancro em estado grave depois de dois anos à
espera de uma colonoscopia .

Segundo o jornal, a doente fez o
rastreio ao cancro colorretal e a análise foi positiva, tendo sido de
imediato encaminhada para o hospital Amadora-Sintra, mas sendo chamada
para consulta apenas um ano depois.

A colonoscopia, fundamental
para confirmar o diagnóstico de cancro, demorou mais um ano a ser feita.
A doente descobriu então ter um cancro em estado avançado, que é
inoperável, encontrando-se a fazer quimioterapia para reduzir o tumor.

A Europacolon refere que, quando um hospital não tem capacidade para
responder, o doente deve ser encaminhado para o setor privado para
realizar a colonoscopia.

De uma forma geral, indica Vítor Neves, o
tempo de espera nos hospitais é superior ao do setor privado com
convenção com o Estado.

Exceção a esta regra tem sido a zona da
Grande Lisboa, como denunciou a Europacolon em outubro do ano passado,
alertando para a dificuldade de muitos utentes na marcação de
colonoscopias.

Em Portugal há cerca de sete mil casos de cancro do intestino por ano e, em média, morrem 11 pessoas por dia com a doença.

Lusa