2 de abril de 2014 - 13h17
O projeto "Cuidar de quem cuida", iniciado no Entre Douro e Vouga para apoiar cuidadores informais de doentes com Alzheimer e Acidente Vascular Cerebral (AVC), será alargado à generalidade das demências e à restante Área Metropolitana do Porto.
Criado em 2009 por iniciativa do CASTIIS - Centro de Assistência Social à Terceira Idade de Sanguedo, o programa apoiou até 2013 um total de 288 cuidadores informais de doentes com Alzheimer e em situação de pós-AVC nos concelhos de Feira, Arouca, S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Vale de Cambra.
A segunda fase do projeto arranca nesta quinta-feira e a técnica Cátia Pires anunciou à Lusa: "O programa deixará de ter a componente do AVC porque entretanto surgiram respostas concretas para esse problema no âmbito da Saúde, mas, em contrapartida, será alargado a todo o tipo de demências e à generalidade da Área Metropolitana do Porto".
Em termos práticos, isso significa que o CASTIIS irá agora capacitar 15 ou mais organizações não-governamentais (ONG) para que, posteriormente, essas possam constituir nos respetivos territórios os devidos grupos psicoterapêuticos de apoio aos cuidadores.
O objetivo é sempre o de aliviar a sobrecarga do cuidador e evitar que cada diagnóstico implique dois doentes em vez de apenas um. "Na maioria dos casos, o cuidador informal tem que deixar o emprego, altera a sua vida toda e sofre um desgaste físico e emocional muito grande", explica Cátia Pires.
"Ele próprio vai precisar de serviços de saúde recorrentes e o doente acabará por ter que ser institucionalizado, o que acarreta sempre custos a nível financeiro e social", continua a técnica.
"Mas se esse cuidador tiver o apoio necessário para saber lidar com a doença e gerir as suas próprias emoções, vai desempenhar melhor a tarefa e o próprio doente também poderá ficar em casa mais tempo, com mais qualidade de vida", realça.

A segunda fase do projeto, a decorrer até 2016, prevê ainda a criação de um gabinete de apoio ao cuidador informar do doente com demência. A localização desse espaço ainda não está definida, mas Cátia Pires revela que ele deverá entrar em funcionamento ainda em abril deste ano, com uma equipa multidisciplinar que possa apoiar o cuidador em termos clínicos e não só, na medida em que o gabinete contará com um psicólogo e também com serviços jurídicos, de ação social, etc.
Para a criação do referido gabinete e para capacitação das diversas ONG da Área Metropolitana do Porto, o orçamento global é de 125 mil euros, financiados em 90% pelo Programa Cidadania Ativa - cujos fundos derivam do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu e, em Portugal, são geridos pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Segundo informação disponibilizada pelo CASTIIS, 5,7% da população portuguesa com mais de 60 anos apresentava em 2009 sinais de demência, um valor acima dos 5,5% da média europeia (então constituída por 27 países).
Especificamente no que se refere à Doença de Alzheimer, atualmente serão 90.000 as pessoas afetadas com a doença, sendo que esse número duplicará até 2030 e mais do que triplicará até 2050.
Lusa