Além da troca de gotículas de saliva humana, o contacto com animais causa 140 mil casos de tuberculose e 12 mil mortes por ano.

A transmissão da variante zoonótica da tuberculose tem sido tradicionalmente negligenciada e os dados em cima são estimativas que podem estar abaixo dos números reais, concluíram dezenas de especialistas na Conferência da União Mundial sobre Saúde Pulmonar que decorreu em Guadalajara, no México, esta semana.

"Os dados podem parecer pequenos quando comparados com a doença global, que causa 1,8 milhões de mortes por ano", comentou Paula Fujiwara, diretora científica do simpósio. "Mas para atingirmos o objetivo de acabar com a epidemia global de tuberculose até 2030, que está dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, é indispensável abordar esta doença também na perspetiva zoonótica", acrescentou.

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Simeon Cadmus, professor de Saúde Pública Veterinária da Universidade de Ibadan, trabalha junto de comunidades rurais na Nigéria. Este é o quarto país do mundo com mais casos de tuberculose. "As pequenas comunidades pastorais vivem inteiramente de animais, bebem o seu leite sem pasteurização e não é fácil mudar os seus hábitos", começa por explicar ao jornal espanhol El País.

"Primeiro devemos alcançá-los e ganhar a sua confiança e, a partir daí, trabalhar em projetos abrangentes com veterinários e médicos para ensinar-lhes medidas higiénicas e estabelecer protocolos sanitários ", acrescenta.

A transmissão mais frequente de tuberculose de animais para humanos ocorre pelo consumo de leite cru ou produtos lácteos não tratados, pela ingestão de carne malcozida ou pelo contacto com animais infetados.

A tuberculose que infeta os animais (M. bovis) é diferente da que ataca os humanos (M. tuberculosis). A primeira geralmente hospeda-se nos linfonodos e depois em outros órgãos, enquanto que a segunda afeta os pulmões.