A Associação Nacional das Farmácias (ANF) denunciou ontem, na Comissão Parlamentar de Saúde, o disparar de receitas de medicamentos de dois laboratórios em várias unidade de saúde. Durante a audição, o presidente da ANF, João Cordeiro, propôs mesmo a extinção da Autoridade Nacional para o Medicamento.

No dossiê que deu aos deputados, Cordeiro expôs quatro quadros mostrando o aumento, em alguns casos de 800% e 2000%, de prescrição de medicamentos dos laboratórios BioSaúde e da Tetrafarma. "Um aumento destes no período de um ano não é muito normal", afirmou João Cordeiro, quando questionado se um aumento da venda de genéricos poderia justificar essa subida.

A lista de centro de saúde e hospitais, ontem apresentada, faz parte das denúncias feitas no ano passado pela ANF e que a Inspecção--Geral das Actividades em Saúde (IGAS) investigou. O inquérito foi concluído no prazo de dois meses e o relatório enviado a diversas entidades, entre as quais a unidade de combate à corrupção da Polícia Judiciária.

Este ano, a IGAS desenvolveu várias acções, instaurou diversos processos e enviou ofícios a todos os hospitais, agrupamentos de centros de saúde e administrações regionais de saúde a perguntar se tinham sido detectadas novas irregularidades. O Ministério da Saúde não quis comentar as declarações do presidente da ANF.

Ontem aos deputados, João Cordeiro defendeu ainda a extinção do Infarmed. "Não percebo a necessidade do Infarmed em Portugal, sobretudo quando temos uma Agência Europeia do Medicamento. O Infarmed é puro custo. Uma estrutura daquelas, com cerca de 300 funcionários, é desnecessária".

João Cordeiro questiona as decisões deste órgão, sobretudo quanto à comparticipação dada a um medicamento da Bial, que considera "não ter nada de inovador" e não ter apoios em mais nenhum país europeu. A Bial esclareceu, entretanto, que o Zebinix é comparticipado em cinco países.

Fonte: Lusa

2010-10-08