31 de março de 2014 - 08h11

A presença de amianto num edifício das finanças em Lisboa é apontada como a causa de cancros em 14 trabalhadores.

De acordo com a notícia avançada pelo Diário de Notícias, os tumores nos pulmões, no esófago e vários cancros da mama são relacionados por médicos e funcionários com o amianto que já foi alvo de várias remoções.

Os seis funcionários que morreram nos últimos seis anos trabalhavam há mais de 20 anos no edifício da Autoridade Tributária e Aduaneira da Avenida João XXI e passavam muito tempo no prédio porque pertenciam à direção de pessoal. “Houve casos de cancro do pulmão, esófago, de pele e vários cancros de mama, e em pessoas novas, quase todas entre os 40 e os 50 anos”, descreveu um trabalhador do chamado “edifício do IVA”.

Os funcionários que morreram eram todos do quarto piso, onde estava a direção de pessoal.

Apesar de sublinhar que não pode provar a relação entre os cancros e a presença de amianto, uma médica responsável pela saúde ocupacional dos trabalhadores deste edifício durante 20 anos, Anabela Miranda, estranha o facto de os cancros afetarem pessoas novas e a trabalhar ativamente e acrescenta que havia ainda problemas respiratórios “às centenas”.

Também Paulo Ralha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI), expressa as suas suspeitas sobre estes casos, considerando que “a taxa de incidência de cancro naquele edifício é superior ao normal”. No edifício trabalham mais de 600 pessoas.

Ao longo dos últimos anos, foram efetuadas várias intervenções
para a remoção dos materiais contendo amianto no edifício. A última foi
feita no ano passado. Esta remoção poderá ter contaminado o espaço,
porque várias regras de segurança não terão sido cumpridas, segundo um
ex-funcionário da empresa que efetuou os trabalhos, a Construtora de
Lages, que apresentou uma queixa à Autoridade para as Condições de
Trabalho.

O STI reclama agora a realização de novas análises ao
ar para para perceber se existem ou não fibras de amianto. Paulo Ralha
quer que “um laboratório isento” faça análises e que os resultados sejam
tornados públicos. Os resultados dos últimos testes laboratoriais,
segundo o jornal, não foram divulgados.

O Diário de Noticias
procurou obter esclarecimentos do Ministério das Finanças, que tutela a
Autoridade Tributária e Aduaneira, mas não teve resposta.

O amianto é um composto cancerígeno do fibrocimento, uma material utilizado até aos anos 90 na construção civil em Portugal.

SAPO Saúde