Desenvolvido por Delfim Torres e Cristiana Silva, do Departamento de Matemática (DMat), o modelo divide a população em classes, de acordo com o estado de saúde de cada indivíduo em relação à infeção pelo Mycobacterium tuberculosis, a bactéria causadora da maioria dos casos de tuberculose, e pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, o vírus que, numa fase avançada da infeção, provoca a SIDA.

Neste trabalho, explica Delfim Torres, “para além de propormos um modelo populacional para a coinfecção da Tuberculose-SIDA, aplicamos a teoria do controlo ótimo de forma a determinar qual a fração de indivíduos coinfectados que deve fazer o tratamento para ambas as doenças ou apenas uma delas, considerando situações de escassez de meios para o tratamento de toda a população infetada”.

As soluções encontradas pelo algoritmo, garantem os matemáticos da UA, podem auxiliar profissionais de saúde, na medida em que “se ajustarmos o valor dos parâmetros que estão associados à transição dos indivíduos de umas classes para as outras, a uma realidade concreta, podemos de seguida fazer previsões sobre a evolução da coinfecção a médio e longo prazo”.

Estas previsões também são importantes para os doentes, e para as pessoas saudáveis, uma vez que o modelo do DMat pode fazer previsões sobre a influência do sucesso dos tratamentos no número de pessoas infetadas e que desenvolvem uma ou ambas doenças ativas e com isso reduzir-se o número de indivíduos que desenvolve SIDA e/ou tuberculose ativa com o mínimo de recursos possíveis.

Na construção do modelo matemático os investigadores da UA deram como assumido que os indivíduos com tuberculose ativa ou latente têm acesso a tratamento. Quanto aos indivíduos infetados pelo VIH que iniciam o tratamento antiretroviral atempadamente, respeitando os protocolos de tratamento, o algoritmo de Delfim Torres e Cristiana Silva colocam-nos numa classe designada por crónica uma vez que, de acordo com a literatura médica, estas pessoas, após infeção, podem viver mais de 20 ou 30 anos, com uma qualidade de vida razoável e comparável à de outras doenças designadas crónicas.

“O nosso modelo inclui a coinfecção pelo Mycobacterium tuberculosis e pelo VIH e assume que pelo menos uma determinada fração destes indivíduos tem acesso ao tratamento de ambas as doenças ou apenas uma delas”, explica Delfim Torres.