Um estudo de dois investigadores da Universidade de Évora sobre alergénios de pólenes de gramíneas e oliveira, responsáveis por um elevado número de problemas alérgicos, conquistou um prémio nacional na área da Imunoalergologia, foi hoje anunciado.

O Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICAAM) da Universidade de Évora revelou que o estudo foi distinguido com o galardão SPAIC-MSD, da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica e da companhia farmacêutica multinacional Merck Sharp & Dohme.

O trabalho das equipas lideradas pelos professores da Universidade de Évora (UÉvora) Célia Antunes e Rui Brandão consistiu no desenvolvimento de metodologias de quantificação de alergénios de pólenes de gramíneas e oliveira, que são “responsáveis por um elevado número de problemas alérgicos”.

Contactada pela agência Lusa, fonte do ICAAM adiantou que o estudo integra o projeto europeu HIALINE, que envolve 14 países “do norte, centro e sul da Europa”, sendo que cada uma destas zonas “está a estudar alergénios diferentes”.

“No sul da Europa, a investigação incide nos pólenes de gramíneas e oliveira”, disse, explicando que a UÉvora é o parceiro português do projeto.

O HIALINE visa o desenvolvimento de uma plataforma tecnológica comum que permita o estabelecimento de uma rede europeia de monitorização de alergénios polínicos na atmosfera.

A possibilidade de quantificar os níveis de alergénios no ar atmosférico, realça o ICAAM, constitui “um avanço importante” relativamente à tecnologia atualmente utilizada para a elaboração dos boletins polínicos.

“Os métodos agora disponíveis baseiam-se na determinação da quantidade de pólen presente no ar, que pode não estar diretamente relacionada com a quantidade de alergénios, constituintes dos pólenes responsáveis por induzir a resposta alérgica”, refere.

Assim, a quantificação direta destes “responsáveis” pelos problemas alérgicos vai permitir obter boletins polínicos “mais informativos e úteis, tanto para os médicos como para os doentes”.

Este trabalho da Universidade de Évora enquadra-se na Aerobiologia, ciência que “estuda as partículas biológicas presentes no ar, muitas das quais com potenciais efeitos negativos sobre a saúde humana”.

No âmbito da Rede Portuguesa de Aerobiologia, que faz colheitas do ar atmosférico em vários pontos do país, com a sua posterior análise e difusão do boletim polínico, as principais partículas estudadas são os pólenes e os esporos fúngicos, devido ao seu elevado potencial alérgico.

“As doenças alergias respiratórias podem, na maioria dos casos, ser controladas, evitando-se o contacto com as substâncias alergénicas”, pelo que a monitorização do ar e a informação periódica fornecida através dos boletins polínicos assumem especial importância, frisa o ICAAM.

O prémio SPAIC-MSD é instituído anualmente e visa reconhecer a qualidade da produção científica desenvolvida na especialidade de Imunoalergologia.

28 de outubro de 2011

Fonte: Lusa