23 de abril de 2014 - 13h44

Os bebés amamentados por mais de três meses têm menos probabilidade de desenvolverem doenças cardiovasculares na idade adulta, conclui um estudo hoje publicado.

Investigadores norte-americanos estudaram 7.000 jovens adultos e descobriram uma "ligação significativa" entre um aleitamento materno de curta duração ou baixo peso à nascença e níveis elevados de proteína C reativa (CRP), associados a um risco acrescido de doenças cardiovasculares.

A CRP é uma proteína sintetizada principalmente pelo fígado e tem um papel importante nas reações inflamatórias.

"Um aleitamento de três a 12 meses está ligado a uma baixa concentração sanguínea de CRP, da ordem de 20 a 30% por comparação às pessoas que não foram amamentadas", escrevem os investigadores da Universidade Northwestern, em Evanston, Illinois, no estudo, publicado pela revista Proceedings of the Royal Society B.

Segundo o estudo, os efeitos do aleitamento são "idênticos ou superiores" aos dos medicamentos na redução dos níveis de CRP nos jovens adultos.

O estudo concluiu também que os bebés que nascem com baixo peso têm maiores níveis de CRP em adultos.

“Bebés com mais peso à nascença e bebés que são amamentados por períodos mais longos terão níveis mais baixos de inflamação em adultos, e isso reduzirá o seu risco de ataque cardíaco e de outras doenças da idade”, disse Thomas McDade, professor de antropologia na Universidade de Northwestern e líder do estudo.

O investigador admite que não se sabe o motivo desta ligação, mas os cientistas suspeitam que há alguma coisa no leite materno que melhora o sistema imunitário.

O estudo foi realizado junto de jovens adultos de 24 a 32 anos, originários de diferentes meios sociais e incluiu irmãos em que um foi amamentado e outro não, para eliminar o impacto socioeconómico.

O aleitamento exclusivo até aos seis meses é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que o apresenta como "um dos meios mais eficazes" de assegurar a saúde e a sobrevivência da criança.

Apesar disso, a organização reconhece que menos de 40% dos bebés no mundo beneficiam do aleitamento atualmente.

Lusa