"Eu não quero beber. O primeiro copo é que me faz mal. Com a recuperação há uma nova vida para mim. Tudo muda", descreveu o representante para os serviços gerais do "Vem Comigo", que pediu para não ser identificado, em jeito de testemunho pessoal, mas também de incentivo à participação numa iniciativa pública do grupo.

Durante essa iniciativa, entre as 17:00 e as 18:30 de sábado, está prevista a intervenção do psiquiatra Ramiro Araújo que dará a visão médica sobre o alcoolismo, bem como "partilhas" de membros do "Vem Comigo" e de uma "comunidade paralela" a Al-Anon que junta familiares e amigos de alcoólicos.

Após as partilhas, a reunião - que também serve para comemorar o 37.º aniversário do grupo e vai decorrer na Rua do Penedo, em Valadares – é aberta a perguntas dos presentes, sem quaisquer limitações: "Qualquer pessoa que esteja a assistir pode perguntar o que quiser sobre estas questões".

"Ajudar o alcoólico que sofre" é o mote desta iniciativa. É convicção dos grupos que seguem o programa dos Alcoólicos Anónimos que "um dos primeiros passos é admitir a impotência perante o álcool". "Não controlamos de maneira nenhuma o álcool, ele é que nos controla", vincou a fonte à agência Lusa.

Assim, a reunião serve para estimular as pessoas que necessitem e se revejam nas explicações e "partilhas" a darem o primeiro passo, uma vez que o programa do grupo de Valadares passa pela identificação e pela partilha de experiências pessoais.

"As experiências pessoas são muitas vezes complicadas - uma pessoa que não se reconhece ao espelho por estar alcoolizada ou só se reconhece alcoolizada ou uma pessoa alcoolizada que procura a todo custo não demonstrar aos outros que está. Essas experiências não são votadas ao esquecimento porque podem ajudar outras pessoas. As pessoas veem que não estão sozinhas. As pessoas veem que a recuperação é possível", descreveu.

O "Vem Comigo", que atualmente atua junto de cerca de uma dezena de pessoas, tem expectativa de juntar no sábado cerca de meia centena, mas garante ter espaço e possibilidade para acolher mais.

"A Organização Mundial de Saúde reconhece o alcoolismo como uma doença crónica. É uma doença que pode levar à loucura ou à morte. O nosso objetivo é passar a mensagem para tentar que as pessoas não passem por essas situações de loucura e morte. E porquê envolver a comunidade Al-Anon? Porque por cada alcoólico existe uma família, existem amigos, existem pessoas que sofrem. Repare-se na multiplicação de pessoas que sofrem com este problema", referiu.

Esta será um dos três tipos de sessões que o Grupo de Alcoólicos Anónimos "Vem Comigo" de Valadares promove porque, explicaram os responsáveis, existem as reuniões "fechadas" em que só podem participar alcoólicos ou pessoas que acham que têm problemas com o álcool, reuniões "abertas" em que pode participar qualquer pessoa e esta, a de "informação pública", para as quais são convidadas pessoas de fora para ajudar a dar conhecer o grupo, a comunidade e a problemática do álcool.

Habitualmente o grupo reúne-se duas vezes por semana, às terças-feiras à noite e no sábado à tarde sempre em reuniões "fechadas" menos no primeiro sábado de cada mês que esta é "aberta" a qualquer pessoa que entre, assista, pergunte ou não, e tome um café.