30 de outubro de 2013 - 15h25
A Alexandra, que em 2008 fez uma dupla mastectomia, prepara-se agora para mais uma cirurgia – ao ovário. Terminou os tratamentos de hormonoterapia que fez durante cinco anos há um mês. Casou em setembro. E, como sempre, continua a viver intensamente o presente.
SAPO Saúde (SS): Passaram-se quase dois anos desde que falámos pela última vez. Como está a sua situação clínica? 
Alexandra Silva (AS): Passaram precisamente os tais 5 anos protocolares em que se faz hormonoterapia e deixei tanto o zoladex como o tamoxifeno. Em novembro tenho consulta de rotina e sinto-me bem. Por isso diria que por agora estou com uma situação clínica estabilizada, ainda que pretenda em breve tratar da questão do ovário, pois sendo BRCA1/2, ou seja, tenho também uma probabilidade alta de vir a desenvolver cancro do ovário.
SS: Não passou nenhum susto entretanto? 
AS: Depois dos implantes PIP, que supostamente poderia ter, não tenho tido sustos. Apenas algumas dores esporádicas que evidentemente me deixam alerta e, claro, corro logo para o médico. Houve uma vez que uma médica pegou numas análises que não eram minhas e, sim, ia morrendo de susto. 
SS: O seu dia-a-dia mudou desde que venceu a doença?
AS: Eu não diria que venci. Vou vencendo pequenas guerras. Vou tendo um quotidiano cada vez mais normalizado e mais próximo daquilo que tinha antes da doença, mas não é de facto a mesma coisa porque mudei e continuo a mudar com todas as alterações que me são "impostas" pela doença. Por exemplo, ao fim de 5 anos, pensar que poderei de novo ter menstruação - por ter terminado os tratamentos hormonais - acho que não saberei lidar com isso.
SS: Continua a ter os cuidados com a alimentação de que nos falou em janeiro de 2012?
AS: Já tive bem menos do que agora, na verdade. Neste momento, e por ter a cirurgia do ovário em mente, tenho mais cuidado na minha alimentação e abuso menos de coisas que não devo (e ninguém deve). De resto, e o maior cuidado que tenho, é estar atenta ao meu corpo e aos sinais que ele me dá.
SS: Considera-se um vencedora?
AS: Não diria que sou vencedora, mas sou lutadora. Escolhi viver e para isso é preciso encarar cada dia como um novo e maravilhoso. E a verdade é que têm-me acontecido coisas fabulosas e fico feliz por ter escolhido lutar e (sobre)viver.
SS: Que apelo faria a outras mulheres com 30, 40 e 50 anos?
AS: E com 20... Para quem está saudável: Vigiem-se! É a regra nº 1. E não se fiem quando vos dizem que é da vossa cabeça, que são muito novas para acontecer alguma coisa... Para quem infelizmente está doente: tenham coragem! Os dias maus também passam.
Por Nuno de Noronha
O SAPO Saúde entrevistou Alexandra Silva em janeiro de 2012. Reveja a entrevista, em vídeo, em baixo.

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