18 de fevereiro de 2014 - 16h52
A Agência para a Prevenção do Trauma Psicológico e da Violação dos Direitos Humanos foi constituída, hoje, em Coimbra, para “estreitar o relacionamento” entre instituições e enfrentar o problema "de forma eficiente e integrada”.
Desenvolvido no âmbito do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), a nova Agência destina-se ao estudo, prevenção e tratamento das vítimas de todas as formas de violência e dos agressores.
Há “várias instituições envolvidas no lidar com as diversas vertentes e conhecimentos dos eventos traumatizantes” e “é fundamental o relacionamento estreito com essas instituições e juntar sinergias”, afirmou, na sessão de criação da Agência, António Reis Marques, diretor do Centro de Responsabilidade Integrada de Psiquiatria e Saúde Mental (CRI-PSM ) do CHUC e um dos dinamizadores do projeto.
Só através daquele “relacionamento estreito” e da cooperação entre as diversas instituições que se ocupam daquela questão será possível “enfrentarmos de forma eficiente e integrada toda esta problemática”, sustentou o especialista.
As consequências das situações traumáticas, “intencionais ou não”, são “um grave problema de saúde pública e, no caso da violência, uma violação dos Direitos Humanos”, sublinhou durante a sessão, que decorreu nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC/CHUC), João Redondo, coordenador da Unidade de Violência Familiar e do Centro de Prevenção e Tratamento do Trauma Psicogénico do CHUC e outro dos promotores da Agência.
As situações traumáticas “matam a cada ano mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo” e provocam “um número ainda maior de casos de incapacidade”, advertiu João Redondo, referindo que a população mais atingida se situa no “intervalo entre os 15 e os 44 anos de idade”.
É fundamental “investir na prevenção”, defendeu o psiquiatra, considerando que a abordagem do problema “implica, ao nível da ação, uma matriz multidisciplinar, multissetorial, em rede”, à semelhança daquilo que sucede com o Grupo Violência: informação, investigação, intervenção (Grupo V!!!), fundado em Coimbra, em 2002.
Uma das entidades que integra a Agência, o Grupo V!!!, reúne parceiros como a Administração Regional de Saúde do Centro, CHUC, Segurança Social, Instituto de Medicina Legal, Departamento de Investigação e Ação Penal, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação de Coimbra, Fundação Bissaya Barreto, PSP, GNR e INEM.

O Grupo V!!! configura “uma realidade que mimetiza e concretiza a nossa conceção de trabalho em rede nesta área, com trabalho feito e experiência adquirida”, salienta, numa nota, o grupo de dinamizadores da Agência, do qual também fazem parte João Paulo Almeida e Sousa, diretor da AGI (Urgência e Cuidados Intensivos), Álvaro Carvalho, diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental, Duarte Nuno Vieira, da Faculdade de Medicina e do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) de Coimbra, e Manuel Albano, relator nacional para o Tráfico de Seres Humanos e da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).
Durante a sessão, o grupo de dinamizadores do projeto propôs Duarte Nuno Vieira para presidir ao conselho científico da Agência, que se organizará em três áreas: científica/investigação, coordenação e ação.
Diana Breda, do Gabinete de Relações Internacionais do CHUC, sublinhou a necessidade de a Agência “configurar um projeto que seja candidatável” a fundos europeus, no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio, que “propicia o apoio a criação de redes”.
Na sessão de constituição da Agência e de debate sobre este “projeto pioneiro” participaram responsáveis das entidades envolvidas na Agência, designadamente Martins Nunes, presidente da administração do CHUC, Manuel Machado, presidente da Associações Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Francisco Brízida, presidente do INML, Álvaro Carvalho (Direção Geral de Saúde) e Helena Moura, Carlos Cortes e Ana Costa Almeida, das ordens dos Enfermeiros, dos Médicos e dos Advogados, respetivamente.
Lusa