5 de junho de 2014 - 13h11
Um estudo genético apresentou a primeira evidência direta de que o coronavírus MERS é transmitido aos humanos por dromedários da Arábia Saudita.
"Os dados sugerem que um dromedário foi a fonte de infeção por MERS de um doente que esteve em contato com as secreções nasais deste animal", escreveram os autores destes trabalhos, publicados na revista médica americana New England Journal of Medicine (NEJM).
A presença de "sequências genéticas idênticas" no coronavírus isolado do doente (um saudita de 44 anos que morreu vítima da infeção em novembro de 2013) e do camelo de sua propriedade "sugerem uma transmissão direta entre este animal e o indivíduo, sem outra fonte intermediária", afirmaram.
Os cientistas sauditas estabeleceram, ainda, que o dromedário e os outros oito que o homem possuía tinham sido infetados com o MERS antes de entrar em contato com o paciente.
O estudo sugeriu, ainda, que estes dromedários eram agentes intermediários da infeção, pois eliminaram o vírus do organismo após terem tido sintomas como secreções nasais.
O saudita infetado foi internado no hospital no começo de novembro de 2013, com dificuldades respiratórias severas, uma semana depois de ter tido contato direto com um de seus dromedários.
O MERS é um primo do vírus responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), mais letal, porém menos contagiosa, que matou cerca de 800 pessoas em todo o mundo em 2003.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, em meados de maio, que não declararia o estado "de emergência de saúde pública a nível global" diante da ausência de provas de uma transmissão do vírus de uma pessoa a outra, embora tenha afirmando que a gravidade da situação tinha "aumentado em termos de impacto sobre a saúde pública". 
A MERS é uma nova estirpe, descoberta na Arábia Saudita em 2012, que infetou até agora 636 pessoas, das quais 193 acabaram por morrer.
A Arábia Saudita tem sido o país mais afetado pela MERS, com a maioria dos casos registados e das mortes, mas o Egito, a Jordânia, o Líbano, a Holanda, os Emirados Árabes Unidos e os EUA também já registaram casos de infeção, a maioria dos quais de pessoas que tinham estado na Arábia Saudita.
A Organização Mundial de Saúde admitiu há duas semanas que a sua preocupação com a MERS “aumentou significativamente”.
As preocupações centram-se no rápido aumento de casos, na fragilidade sistémica na prevenção e controlo da infeção, assim como nas falhas existentes na informação clínica e na possível exportação de casos para países especialmente vulneráveis.
O vírus provoca uma infeção pulmonar e os afetados sofrem de febre, tosse e dificuldades respiratórias, não havendo por enquanto tratamento preventivo para a doença. 
Por SAPO Saúde com AFP