4 de outubro de 2013 - 16h33
Afinal, a água não é inodora, insípida e incolor, como aprendemos na escola, e os dez curiosos que fizeram hoje o primeiro curso de degustação de água aprenderam – e garantiram, bochechando – que não há nada de errado nisso.
Entre a pequena turma de estreantes desta iniciativa da EPAL – Empresa Pública das Águas Livres está o engenheiro urbanista Gonçalo Belo, de 41 anos. Conta à Lusa que chegou aqui trazido pela curiosidade.
“Já aprendi bastantes coisas. Aprendi, por exemplo, a distinguir uma água pelo cheiro e pelo sabor, a identificar se é mais ácida, menos ácida, se é salgada, se doce. Afinal a água pode distinguir-se como se distingue vinho ou azeite”, acrescenta, garantindo que sai daqui a olhar para a água – e a bebê-la – de forma diferente.
Também Maria Odete, de 63 anos, que trabalha em decoração, ficou curiosa quando soube da iniciativa, sobretudo, explica, porque “em toda a vida”, nunca bebeu outra coisa: “Não sei o que é sequer uma cerveja, muito menos uma Coca-Cola. Nunca bebi senão água, sou uma boa apreciadora, daí ter vindo”, conta.
Antes da prova dos nove – a prova cega –, em que cada formando testa o que aprendeu durante a manhã sem ajuda dos formadores e com um questionário à frente, Maria João Benoliel, responsável pela direção de controlo de qualidade de água da EPAL, conta que o interesse pela iniciativa foi maior do que o número de vagas disponíveis nesta primeira edição e que, por isso, a empresa tem já previsto um segundo curso para o dia 22 de novembro.
“A EPAL tem como missão distribuir uma água de qualidade, segura. Por isso, considerámos que seria uma partilha muito interessante trazer ao conhecimento dos consumidores a forma como diariamente analisamos a água para garantir essa qualidade, essa segurança”, explicou.
Assim, por um lado a empresa trabalha a “confiança” do consumidor em relação à água da torneira, e, por outro lado, toma nota da “perceção do sentimento dos consumidores relativamente à água, para saber como atuar nas próximas campanhas”.
Célia Neto, técnica avaliadora de água – ou ‘aquóloga’ – explicou que o que esta manhã se fez no laboratório foi apenas a primeira fase de todo o treino que é necessário para que se possa, efetivamente, desenvolver a atividade de avaliador. Teve, diz, dez bons alunos. Ser ‘aquólogo’, diz, “implica uma qualidade inata”, mas, a partir daí, “também se treina”.
No fim da prova cega, no Museu da Água, Gonçalo Belo diz à Lusa que conseguiu distinguir alguns tipos de água. Embora sublinhe que não sabe se o fez bem ou mal, mostra-se satisfeito com o facto de ter tido agora um desempenho melhor do que o que teria tido se o fizesse antes do curso: “Não conseguia distinguir qualquer tipo de água. Agora distingui. Não sei se bem, se mal, mas fui despertado para essa sensibilidade”.
Maria Odete, que saíra do laboratório “absolutamente confiante” de que conseguiria distinguir os sabores das diferentes águas que lhe seriam dadas a provar, diz à Lusa que, afinal, o teste “foi difícil”.
“Não senti nenhum cheiro em qualquer uma destas águas, o que não deve ser verdade, mas também nos ensinaram que depois de bebermos tanta água perdemos um bocado de sensibilidade. Vou ficar-me pela água da torneira e acabou”, concluiu.

Lusa