14 de maio de 2014 - 08h22
O administrador dos Hospitais Privados de Portugal (HPP) diz estar disposto a “perder dinheiro” para a instituição alcançar a notoriedade e defende um sistema em que os seguros ofereçam mais.
José Carlos Magalhães, que hoje apresenta a nova imagem do grupo, que passa a chamar-se Lusíadas Saúde, disse à agência Lusa que o Hospital Lusíadas Lisboa, “vai ser o melhor hospital” da capital e que, para isso, está disposto a perder dinheiro num primeiro momento.
“A minha ótica é de investimento. Não estou a investir para ganhar dinheiro. Estou a investir na marca Lusíadas”, explicou.
O gestor dá o exemplo da cirurgia vascular, uma das especialidades que classifica de chave, tal como a oncologia, a ortopedia e a cardiologia.
“É certo que não vou ganhar dinheiro fazendo implantes de próteses que são customizadas, em que até posso perder dinheiro, mas vou ganhar dinheiro operando varizes”, disse.
Ou seja, “o cirurgião vascular ganha reputação colocando próteses customizadas, mas ganha dinheiro operando varizes”.
O administrador quer que o grupo receba casos clínicos cada vez mais complicados e garante que os cinco hospitais e as duas clínicas que compõem o grupo estão preparados para isso.
No entanto, reconhece as limitações dos seguros que, devido aos plafons, levam muitas vezes a que o doente comece a ser tratado no privado, mas acabe no público.
“O sistema de seguros vai ter de avançar um pouco mais para oferecer mais do que oferece. Hoje, um doente que tenha um seguro e por alguma razão estoure o plafond, sai daqui e vai para outro hospital. Eu acho isso mal e injusto, principalmente para o doente”.
José Carlos Magalhães diz que não vai esperar muito por essa mudança e avisa: “Eu não vou esperar. Eu vou criar uma situação em que os seguros se mudem por minha causa”.

Para José Carlos Magalhães, o seguro de que dispõem os funcionários públicos (ADSE) é “o seguro por excelência, porque não impõe limites e o cliente tem liberdade de escolha”.
A ADSE representa cerca de 30 por cento dos clientes do grupo e os seguros 40 por cento.
O administrador não tem dúvidas de que o grupo sobrevive sem a ADSE e, sobre a relação com o Estado, opta por alguma independência.
“Eu não gostaria de depender do Estado-Estado para sobreviver. O que eu quero é os clientes. Os clientes é que me escolhem. Não é o Estado nem a seguradora, são os clientes. A liberdade de escolha é a pedra fundamental para melhorar a qualidade e para dar mais saúde financeira ao sistema”, frisou.
Nas instituições do grupo são feitas anualmente 700 mil consultas, 120 mil consultas de emergência e 40 mil cirurgias.
A meta do administrador não é que o grupo seja o primeiro em faturação: “Eu quero ser o primeiro – e acho que isso vai ser mais rápido do que em cinco anos – na cabeça do cliente”.
Por Lusa