21 de maio de 2013 - 15h00
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte rejeitou hoje a acusação, feita por utentes de um centro de saúde de Gaia, de promover a “eutanásia geracional” ao sugerir um limite de medicamentos para doentes acima dos 75 anos.
A ARS do Norte divulgou um “indicador” que sugere um máximo de cinco fármacos para doentes acima dos 75 anos, explicando hoje ser esse o número limite “definido internacionalmente” para evitar o agravamento do risco de interações medicamentosas.
Um comunicado da Comissão de Utentes do Centro de Saúde de Barão do Corvo, em Vila Nova de Gaia, refere que o objetivo deste indicador é “deixar morrer os idosos o mais rapidamente possível, através de uma prática (…) como eutanásia geracional.
“Só faltou mesmo é dizer que quanto mais grave é a doença, menor a probabilidade de sobrevivência, logo menos eficaz é a medicação”, acrescenta o documento.
Para os utentes do centro de saúde “poupar nos remédios é gastar mais em cuidados de saúde”, acrescentando que “um governo que atenta contra os direitos dos seus reformados, que os relega para uma antecâmara da morte, é iníquo e desprezível”.
Polimedicalização é perigosa
Em resposta a um pedido de esclarecimento da agência Lusa, o vice-presidente da ARS do Norte, Rui Cernadas considerou, numa resposta escrita, que o comunicado da Comissão de Utentes “mostra como a ignorância técnica e científica, potenciada pela forma leviana como técnicos de saúde ou outras bem identificadas, pode pôr em risco a segurança dos doentes e agravar o erro clínico”.
“O risco de interações medicamentosas sobe exponencialmente com a exposição dos doentes a um maior número de fármacos”, indicou o vice-presidente da ARS do Norte segundo o qual aquele indicador diz respeito a “atividade das unidades funcionais e não à prática médica individual” e “em caso algum, o indicador é uma recomendação ou norma”.
Lusa