Em declarações hoje à agência Lusa, o coordenador dos projetos de rastreio da Abraço, Pedro Morais, adiantou que a Unidade Móvel de Saúde da associação vai deslocar-se todos os sábados deste mês a vários locais do Porto “onde existem zonas recreativas ‘gay friendly’”.

O objetivo é “chegar realmente às pessoas e não esperar por elas dentro dos gabinetes”, disse Pedro Morais, explicando que apesar de este grupo ser o alvo prioritário da campanha, qualquer homem ou mulher com comportamentos sexuais de risco pode ser vacinado gratuitamente.

A iniciativa surge na sequência do surto de infeção pelo vírus da hepatite A (VHA) associado ao contacto sexual em vários países europeus, incluindo Portugal, sobretudo na região da grande Lisboa

“O surto começou inicialmente focado na zona de Lisboa”, mas “neste momento começa a haver um aumento de casos na zona norte do país”, maioritariamente em homens que têm sexo com homens, “apesar de não ser exclusivo deste grupo”, adiantou Pedro Morais

Para parar a cadeia de novos casos, a Direção-Geral da Saúde (DGS) fez uma gestão de recursos para disponibilizar a vacinação a Hepatite A.

Este trabalho já decorreu em Lisboa com outras associações e agora está a ser realizado no Porto, com o apoio da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, que forneceu um ‘stock’ de 80 vacinas que pode ser ajustado consoante a procura.

Próximas ações

A carrinha da Abraço vai estar no próximo sábado junto ao Café Lusitano, entre as 21:30 e as 03:40, no dia 22 no Túnel de Ceuta (00:00-01:45) e no Bar Zoom (02:00-05:00) e no dia 29 na Galeria Paris (21:30-03:00). As vacinas estão também disponíveis para quem quiser vacinar-se no Centro Comunitário +Abraço, na rua Damião de Góis, no Porto, de segunda a sexta-feira entre as 12:00 e as 20:00 até ao final do mês.

Veja ainda: Os 12 vírus mais perigosos do mundo

A hepatite A, uma infeção viral que causa a inflamação aguda do fígado, transmite-se pela ingestão de água e alimentos contaminados ou através de práticas sexuais de risco.

A infeção previne-se através da vacinação e da lavagem das mãos antes e durante a preparação de alimentos, e da região genital e perianal antes e depois das relações sexuais.

Os últimos dados da DGS, divulgados no início de junho, apontavam a existência de 280 casos confirmados em Portugal, num total de 327 notificados desde o início do ano, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo (256).

A hepatite A é, geralmente, benigna e a letalidade é inferior 0,6% dos casos. A gravidade da doença aumenta com a idade, a infeção não se torna crónica e dá imunidade para o resto da vida.