11 de dezembro de 2013 - 09h31
A investigadora do Centro de Estudos Sociais Catarina Martins defendeu na terça-feira à noite, em Coimbra, que a praxe potencia "lógicas de dominação de grupo e ‘bullying’" e considerou que a universidade tem de atuar.
"Há alunos que faltam às aulas porque estão na praxe e outros que não vão porque têm medo de ir à praxe", afirmou Catarina Martins, à margem do debate "Sexismo e violência(s) na praxe académica", que se realizou no Teatro da Cerca de São Bernardo.
A coação na praxe é "fortíssima", sendo que esta prática potencia "o conservadorismo, a obediência cega e reproduz modelos de autoridades dominantes. É o poder pelo poder", frisou a investigadora e docente da Faculdade de Letras.
Catarina Martins sublinhou que tem de ser feito um "trabalho de mudança das mentalidades", através da discussão do tema, apesar de constatar que "os praxistas entendem a praxe quase como um dogma", havendo um "elevado grau de fanatismo".
"A Universidade de Coimbra deveria proibir a praxe, na medida em que é violadora dos direitos a uma boa formação dos alunos", porque estes, segundo Catarina Martins, "são atemorizados".
A praxe "tem no seu código genético o autoritarismo, as hierarquias, o sexismo. Pode ser abolida", salientou.
A antropóloga Cátia Melo, outra das oradoras do debate organizado pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), criticou o facto de a praxe - "uma prática em que o preconceito e a discriminação são exponenciados"- estar também classificada como património imaterial da UNESCO.
A também membro do núcleo de Coimbra da UMAR considerou que há "assédio sexual", no decorrer da praxe, e que a linguagem usada em canções e palavras de ordem é "extremamente violenta contra a mulher".
Lusa