O alerta é dos médicos da Sociedade Portuguesa de Reumatologia que garantem que esta especialidade continua a não ter um número de suficiente de serviços que permitam uma adequada cobertura nacional.

"As doenças reumáticas são doenças para a vida. Temos as ferramentas, temos os médicos, temos as análises e os marcadores que permitem o diagnóstico precoce, temos os registos, temos o tratamento, mas os doentes reumáticos continuam a não ser tratados devidamente", avisam os médicos.

"É urgente que as doenças reumáticas se tornem uma prioridade nacional, o que não acontece por não terem o mediatismo de outras doenças com taxas de mortalidade elevadas, o que se reflete na falta de tratamento adequado e pior qualidade de vida para os doentes, que são os que mais dor têm", acrescentam os especialistas numa nota de imprensa.

Criação de unidades

Em Portugal, entre 2002 e 2015, estava prevista a abertura de 13 novas unidades de reumatologia o que não aconteceu. "Os doentes continuam a não ser tratados corretamente, pela especialidade que tem de tratar estes doentes, a reumatologia, apesar de existirem reumatologistas suficientes no nosso país", diz a sociedade médica, que se queixa do facto dos doentes serem reencaminhados para especialidades como a Medicina Geral e Familiar.

Em Portugal, o doente reumático demora cerca de 2 anos a ter um diagnóstico, quando o recomendável é que o diagnóstico seja feito até um máximo de 6 meses, altura em que ainda é possível prevenir o dano estrutural e as sequelas articulares. "Após os dois anos, é muito provável que o doente tenha já erosões ósseas e que o tratamento da doença fique comprometido", alerta Canas da Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.

Poupança anual de dezenas de milhões

"Para além do impacto positivo na vida do doente, o diagnóstico precoce permite diminuir significativamente os custos que a doença acarreta para o Estado pois, quanto mais avançada estiver a doença, mais cuidados e medicação são necessários. Num cenário idêntico ao que hoje se verifica, a poupança poderia mesmo chegar aos 1800 euros por doente diagnosticado precocemente, o que somaria 51 milhões de euros no final do ano", garante a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, que adianta que o Estado gasta 600 milhões de euros em reformas antecipadas com estes doentes.

Veja ainda: 15 doenças que ainda não têm cura