21 de fevereiro de 2013 - 14h29

A ONU declarou 2013 o Ano Internacional da Quinoa, um superalimento produzido há milhares de anos nos Andes e que surge agora como um novo aliado na luta contra a fome.
As palavras são do diretor-geral da organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, que na cerimónia de lançamento destacou que a quinoa pode ter um importante papel na erradicação da fome, subnutrição e pobreza.
"Espero que este Ano Internacional seja um catalisador da aprendizagem sobre o potencial da quinoa para a segurança alimentar e nutricional, para a redução da pobreza - especialmente entre os pequenos agricultores do mundo – e para a agricultura ambientalmente sustentável”, comentou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, numa cerimónia na quarta-feira, em Nova Iorque.
A quinoa é considerada o mais nutritivo dos alimentos vindo de uma planta: concentra em média entre 14 a 18% de proteínas, dispõe dos dez aminoácidos essenciais para a alimentação humana e não contém glúten. Comparada com o trigo, por exemplo, a quinoa tem mais 50% de cálcio, três vezes mais ferro e duas vezes  mais zinco.
A sua produção aumentou de 20 mil toneladas nos anos 80 para as 100 mil em 2012. A Bolívia, Equador e Peru são responsáveis por 90% da produção mundial.
Porém, a crescente popularidade deste superalimento trouxe um lado perverso. A escalada do preço gerou mais lucros para os produtores, mas as populações regionais mais desfavorecidas deparam-se agora com preços insustentáveis para o seu bolso.
Embora com mais dinheiro, os sul-americanos dos Andes ingerem cada vez menos quinoa. “Têm ocidentalizado as suas dietas porque têm mais lucro”, revelou um agrónomo da Bolívia, citado pelo The Guardian.
“Há dez anos, os produtores de quinoa só tinham a dieta dos Andes à sua disposição. E agora têm e querem tudo: arroz, noodles, doces, coca-cola…”, explicou.
Na Bolívia, país responsável por metade da produção mundial, o cereal já é visto como um alimento de luxo.
Apesar de tudo, a planta dispõe de uma larga amplitude térmica de cultivo, podendo ser cultivada em regiões até aos 30º C, o que abre portas ao resto do mundo para apostar na produção desta planta.

SAPO Saúde com Lusa